Na sociedade atual, é comum os pais transportarem os filhos até à escola, sendo raro vermos crianças se deslocarem a pé. Mas porque é que isto acontece?
A maioria responde que a sociedade está mais violenta e que se sentem inseguros em deixar os filhos irem para a escola de forma autónoma. Sentem que o trajeto casa-escola não é seguro e preferem andar numa correria desenfreada entre o trabalho, a escola e as atividades extra- curriculares dos seus educandos.
Num estudo recente, verificou-se que mais de 76% das crianças portuguesas do 1.º ciclo vão para a escola de carro. Menos de 18% deslocam-se a pé ou de bicicleta, com a maioria dos pais a considerar o trajeto inseguro.
O que verifico, contudo, é que, mesmo entrando, na adolescência esta realidade permanece, pois os adolescentes não desenvolvem algo importante, como a autonomia, para andarem sozinhos de transportes públicos. Pergunto-me se os pais destas crianças também os vão levar à universidade, quando chegar a altura.
Concordo que a sociedade está mais violenta e que atualmente existem mais perigos do que há 20 anos, no entanto, não nos podemos esquecer que estamos a educar os adultos do futuro.
Como mãe também tive mil receios, quando o meu filho apanhou o primeiro autocarro sozinho para o segundo ciclo. Um sem número de medos apoderou-se de mim, mas não deixei que o medo vencesse o meu objetivo de ensinar ao meu filho a ser uma criança mais responsável e autónoma.
Atualmente, temos telemóveis que nos permitem comunicar e de alguma forma nos tranquilizar. Algo que há 30 anos a minha mãe não fazia a mínima ideia de que viria a existir.
Apesar dos perigos que se vivenciam atualmente, acredito que uma criança a quem se dá a liberdade de ir sozinha para a escola é muito mais feliz. Aprende desde cedo a ser autónoma, responsável e confiante, porque de alguma forma sente que os pais também confiam nela.
Não crítico de todo quem opta por transportar os filhos para a escola, mas senti várias vezes o olhar crítico de alguns pais por ter escolhido que os meus filhos façam a pé uma caminhada na vila onde resido, de cerca de 1km, para frequentar o primeiro ciclo.
Para mim, o mais importante é sentir que os meus filhos são felizes e, no meu caso, quando pergunto se querem que os leve a resposta é sempre a mesma: “Mãe queremos ir sozinhos!”
Ir sozinho implica “lamentavelmente” gargalhadas com os amigos que também o fazem, seja a pé, de bicicleta, ou de autocarro.
Experimentem, aos poucos, confiar nos vossos filhos, ainda que ao inicio experimentem um sem número de sensações, vão perceber que confiar neles só fará com que eles sejam adultos mais seguros de si mesmos.