Se gostas de sonhar, vê O Balão Vermelho! Se gostas da infância, vê O Balão Vermelho! Se gostas de poesia, vê O Balão Vermelho! Se gostas de música, de fotografia, de cinema, de coisas diferentes que conseguem deixar-nos tão iguais por nos revelarem como é na diferença que nos irmanamos, então também podes ver O Balão Vermelho!
Poder-te-ia dissertar sobre o que senti ao ver este filme, mas é daquelas obras que é tão fácil de ver mas tão difícil de poluir com palavras… porque no filme, parcas são as palavras que o interrompem e no entanto, não se trata de um filme mudo! Não é um filme a preto-e-branco e no entanto, é o vermelho de um balão o colorido que retemos! Não é uma longa metragem e no entanto, também não pode ser classificado como uma curta… nos seus trinta e quatro minutos, pode dizer-se que é uma curta-metragem bem longa!
E neste sortido de equívocos, disrupções e indefinições, Albert Lamorisse sabia na perfeição o que estava e o que queria fazer quando acompanhou um rapaz pelas ruas de Paris dos anos cinquenta que transportava um balão vermelho. A suavidade com que vais viajando por meia-hora ao longo de um percurso tão simples é um bálsamo e um apelo para que, de vez em quando, te lembres de que algumas das coisas mais bonitas da vida são simples.
Foi a primeira (e não sei se a única) vez que uma curta-metragem (foi classificada desta forma) venceu um óscar de melhor argumento original, em 1956 e, ainda que não percebas ou não concordes com o reconhecimento quando vires o filme, admite ao menos que a história de um rapaz que encontra um balão vermelho com personalidade e que se torna no seu “guia” é mesmo uma ideia original.
O filme está na net por isso, a melhor desculpa que tens para não o veres é a falta de vontade, a razão mais forte que nos assiste para optarmos por não fazer algo. Contudo, digo-te que é uma pena: perderias menos tempo do que com uma longa-metragem e definitivamente menos tempo do que com uma série, mas devo reconhecer que estás no teu direito. Afinal, eu próprio não vejo séries. Porque não me apetece…
Eu já viajei (andei?) de balão, e digo-te que, se bem que tenha sido uma experiência de sonho (mesmo para mim que morro de medo de alturas), preferiria ter viajado n’ O Balão Vermelho. Ainda há tempo.