
Porque é que é importante manterem-se vivas as memórias dos acontecimentos mais triste da História da Humanidade?
O povo costuma dizer: “o ingrato tem memória curta” e por vezes a história da humanidade também! Por muito doloroso que seja, revisitar alguns momentos mais duros da história da humanidade só assim conseguiremos não perpetuar o mesmo erro ou pelo menos tentar. É assim para a nossa história colectiva e é assim para a nossa história pessoal. Não sou apologista da “tortura” de ficar a pensar por tempo indeterminado sobre o mal que se fez ou sobre o mal que se viveu, contudo não devemos fingir que não sucedeu.
Algumas situações são difíceis de compreender por não as termos vivido ou sentido na pele, e isso não quer dizer que não tenham acontecido e que não tenha infligido sofrimento. A forma de conseguirmos superar obstáculos, em parte, deve-se a este revisitar da história e da vida que nos deixa desconfortáveis. Ao fazermos este exercício mesmo que imaginário estamos a procurar sentir o que outros sentiram e isso dá-nos uma maior empatia perante situações idênticas.
Por isso é feito um minuto de silêncio no dia do holocausto, são relembradas guerras e batalhas ou comemorado o 25 de Abril. Nenhum de nós ao fazê-lo quer regressar a esta realidade, no entanto, compreende a sua relevância e importância para estarmos onde estamos hoje. Todos sabemos que a história é cíclica, e que de tempos a tempos os conflitos surgem e mesmo as guerras (como temos agora na Europa e que noutros territórios quase não cessa) para nos agitar a vida e modificar estruturalmente países e sociedades. Temos de aceitar que é assim.
O que não podemos esquecer é que os danos colaterais podem absorver-nos e que isso acontece para que o futuro de outro se torne melhor que o nosso presente. A história da humanidade é assim, mesmo quando os mártires são muitos, mais do que é humanamente aceitável, pagam com a vida para outros possam viver no novo mundo que emerge da desgraça.
“Nada é permanente, excepto a mudança” (Heráclito)