Homens: o que fazer num primeiro encontro…

Combinaram encontrar-se, por fim.

Chegam, um pouco sem saber o que esperar, umas vezes com algum entusiasmo, outras porque não havia nada melhor a fazer nesse momento. Alguma curiosidade, alguma disponibilidade, os dados lançados, e que venha o universo, que toma a si o karma e outros que tais, fazer funcionar de forma amorosa, ou então, pelo contrário, não, por favor, Cristo Senhor!

Há factos que uma mulher, regra geral, não tolera, ou que podem, pelo menos, dificultar em muito a progressão do tema. Ou o homem em questão tem outros predicados que lhe tolda o discernimento, ainda que temporariamente, ou então, se estiver na posse das suas faculdades mentais, será difícil passar a uma segunda ronda quando:

Ele passa o primeiro encontro a falar da ex.

Não vou conseguir entender nunca. Se se sai com uma pessoa pela primeira vez, soa-me a recomeço, ou pelo menos hipótese de. Seja amizade ou namoro, é coisa nova. Deixa-se o passado em casa, ou quando muito refere-se alguns pontos com alguma importância, como a existência de filhos. A existência de exs é um dado adquirido, a menos que se tenha 15 anos. Pode até ser referida, casualmente, mas sem grandes detalhes. Se é mau ouvir um homem elogiar, enquanto chora, a mulher que era a sua vida, talvez seja pior ouvi-lo praguejar contra a p#ta que o lixou . Em qualquer dos casos, revela uma ligação de que não se soube desprender. E, a menos que se seja fã de um ménage à trois, com muito drama, o melhor é sair de fininho, que aquele ainda tem os neurónios ocupados com aquela santa ou aquela prostituta que é a ex (a maioria das exs são todas muito pouco recomendáveis, isto nas palavras destes pobres homens…).

Falar na mãezinha

O homem desgasta a palavra mãe ao longo da conversa. Atende-lhe o telefone várias vezes, responde que sim, trouxe o casaco. E as chaves, sim, confirma na segunda chamada. Se se ponderasse a hipótese de seguirem para outro local, provavelmente ligaria à mãe a pedir licença, e esta atenderia ao primeiro toque. E ouve-se pelo som elevado que emana do telemóvel, que o trata pelo diminutivo: Betinho, Carlinhos, Nélinho. Claro que é bem menos agressivo do que ouvir falar na ex, que obviamente não teve, que a mãe não terá deixado. Gostamos que os homens gostem das suas mães, mas não tanto. A menos que tenham 10 anos, ou sejam os nossos próprios filhos, que aí ainda é aceitável, vá.

A amiga

No seguimento das malévolas exs e das peganhentas mães, vêm as amigas. Correcção: a amiga. Aquela que lhe é siamesa e que se acha no direito (ou ele lho deu) de ter que aprovar as suas conquistas. Que, frequentemente, é solteirona ou passa a vida a dizer mal do marido, e por pura causalidade nunca gostou de nenhuma das namoradas/ esposas do amigo. É por norma uma mulher com graves problemas domésticos, havendo naquela casa uma energia estranha que faz coincidir a ausência do marido com a avaria dos eletrodomésticos. Se o nosso candidato se levanta a meio do encontro, ou o cancela de antemão,  porque a amiga avariou o aquecedor em pleno Agosto, é melhor deixá-lo ir aquecer os pezinhos à desgraçada, coitadinha.

Tem 40 anos e vive com os pais.

Salvo raríssimas excepções, como dar apoio a pais debilitados, ou algo do género, é revelador de muita falta de iniciativa ou independência. A estes homens vêm, normalmente,  acopladas mães como as referidas acima, e nenhuma mulher quer passar por uma inspecção aos dentes, qual cavalo, pela doce senhora. Nem ser vista como inimiga,  a ousar retirar o seu menino dos seus braços, logo agora, que estão tão cheios de artroses.  A menos que se queira ser mãe sem passar pela gravidez,  sem birras de nascer de dentes e sem treino de chichi , o melhor é não perturbar esta paz familiar e seguir…em paz.

Hipocondríacos

Mesmo sendo médico, presumo que haja temas mais interessantes para falar do que mostrar quão experiente é em ecografias, raios x, análises médicas e doenças de nomes complexos. Sobretudo quando começa a querer mostrar a cicatriz que tem no fundo das costas, ou a pegar na nossa mão para nos fazer sentir o alto que tem ali perto do umbigo, uma hérnia, talvez. A menos, vá, que se seja igualmente doente ou que devore as séries de televisão passadas em hospitais, haverá melhores coisas para sentir. Senti-lo ir embora, por exemplo, talvez seja muito satisfaciente.

Gabarolas

Este em vez de doenças, fala do património que tem, como se estivesse a fazer um inventário. A despropósito, claro, não é nada que calhe em conversa. No primeiro encontro leva a moça a conhecer o carro e a casa, eventualmente o barco,  e não se julgue que é com intenções marotas. Não, primeiro há que construir uma imagem de que tem muito dinheiro e vive muito bem. Impressiona-la. O pior é que as mulheres que ele impressiona, mais tarde ou mais cedo, revelam que só estiveram com ele para usufruir dos seus bens. E o menino queixa-se que as mulheres são umas interesseiras.. Quem pede chuva, chuva tem. Poupemos-lhe mais um desgosto e saiamos rapidamente de cena. A pé, se preciso for, ou no nosso carro de Junho de 2000.

Mentiroso

Este é grave. Se mente no primeiro encontro e é descoberto, não há qualquer hipótese. Até porque, começando assim, o que mais virá….Conversas como: sou separado mas ainda não me divorciei porque ela não me dá o divórcio ou, moramos na mesma casa porque não temos como nos sustentar separadamente, mas  tem fotos do mês passado no Facebook ao por do sol com uma miúda toda gira e muito in love….hum. Se gostarmos de jogar ao mistério e temos algo de sarcástico, podemos sempre ir fazendo perguntas e gozar o prato a ouvir as desculpas que vai gerindo em esforço, contradizendo-se e sempre pondo a culpa na ex, que afinal é actual, e publica fotos de há 5 anos como se fossem ontem, e ele não deu conta nem nenhum dos amigos o alertou, pobrezito.

Apressado

Ao fim do primeiro encontro já faz planos de férias em conjunto. Pode quase querer casar, que a sintonia e os sinais do universo são imensos, e o melhor é não desperdiçar esta hipótese de união de almas e corpos. Até estiveram ambos no Jardim Zoológico em 1990, era o destino. E no concerto dos U2 em Coimbra, uau! A felicidade custou a chegar, e agora que vem nesta generosidade toda, não seria correcto não ir ao seu encontro e pelo meio arrastar pela mão (ou pelos cabelos) a moça que ainda não está, se é que algum dia estará, a partilhar essa visão paradisíaca do encontro. É-lhe tão óbvio que o destino os uniu e são almas gémeas que pouco importa se ela pensa da mesma forma. Como diz uma amiga minha: a-ssus-ta-dor! Fugir, o mais rápido que se puder.

Assustado ou o c#ninhas

Do assustador, passamos ao assustado. Como dizia a canção da Aguilera: my body’s saying let’s go. But my heart is saying no . Ele até parece estar interessado. Demonstra-o de forma explícita. Mas depois “ai e tal não estou preparado, que este querer mais e mais assusta-me e tinha planeado viver sozinho o resto da vida e não sei porquê mas tu perturbas-me e não estou em paz”. Das duas uma, ou é um cobarde e não consegue dizer simplesmente que não gosta da moça ( seria tão mais simples e honesto), ou então o melhor é ir-se recuperar das suas mazelas históricas antes de voltar aos encontros. De qualquer das maneiras, nenhuma mulher quer andar por aí a assustar homens. Quer dizer, às vezes sim,  ahahaha, mas não dessa forma….

 

Claro que todas estas situações são igualmente válidas para as mulheres. A parvoíce não é exclusiva do sexo masculino, claramente.  Esta é, contudo, uma visão feminina, complementada por conversas entre amigas em jantares intimistas, de álcool e muito, muito riso ( valha-nos isso!).

Obviamente  que os homens também poderão usar-se destes artifícios para saírem dum encontro que não lhes agradou, simulando ser um cretino ou apenas muito parvo.  Isto, claro, se não conseguirem ser honestos, o que é sempre valorizado.

Se o desfecho pode ser diferente? É possível sair algo de bom de um encontro destes? Talvez, se a exigência for baixa ou se isto for só um mau começo. Claro que, no que toca a emoções, a racionalização nem sempre leva a melhor. E as feromonas existem (disse o hipocondríaco…).

E assim se segue, de encontro em encontro.

Até que o encantamento seja mútuo.

Ou continue o riso.

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