Robin Williams

Nascido no dia 21 de Julho de 1951, este menino rapidamente começou a dar nas vistas. Entre as voltas da vida, aquelas de que se não pode fugir e as que ele escolheu, ou deixou escapar, num ápice se tornou uma pessoa que fazia parte da vida de todos.

Aluno brilhante da prestigiada Juilliard School, foi descoberto num casting onde o seu melhor amigo, Christopher Reeve, o seguiu. Da stand up comedy, chegou aos palcos e aos écrans, mostrando a sua veia que a todos sabia tocar. Quem nasce com a veia grande, de criatividade e expressão, não pode ficar encerrado numa caixa que não respira.

Popeye, Good Morning Vietnam, O Estranho Mundo de Garp, Despertares, Jumanji, Mrs Doubtfire, Patch Adams ou A Gaiola das Loucas são referência para todos os que apreciam a sétima arte. Em cada papel está um Robin que se transforma e que é único. O clube dos poetas mortos, onde jovens actores se lançam em força, é a marca da serenidade que, na verdade, nunca teve.

Humano q.b., a sua vida pessoal era tudo menos rosa, mas era assunto que não divulgava. O privado era mesmo fechado para que as luzes do público tivessem o brilho necessário. Padrinho do filho de Reeve, o seu grande amigo que nunca abandonou, sentiu uma mágoa enorme aquando do seu acidente e degradação da sua qualidade de vida.

Este homem, este ser grande, fazia rir ou chorar, emocionava, dava lições de vida e mostrava caminhos alternativos. Juntava milhares em seu redor para soltar as lágrimas redentoras que queimavam os fantasmas sórdidos. Era ele ou os muitos que viviam no seu corpo? Onde se arrumavam os fantasmas que o assombravam?

O seu semblante escondia uma verdade muito inconveniente e atroz. Estava aterrorizado e, dentro de si, a fragmentação, essa estranha dor, estava prestes a mostrar que é mais forte e que sabe dominar. A depressão, doença lenta e sem cor, tornou-o seu refém. O sorriso pode esconder a dor, mas os olhos, os espelhos da alma, mostram a penumbra do arranhar da vida.

No dia 11 de Agosto de 2014, desistiu de viver e entregou-se ao não mais sofrer. Deixou obra vasta que pode ser revista e filhos que serão os fiéis depositários da sua herança genética. Um peso grande e tormentoso. Foi um choque. Algo se quebrou nos seus admiradores e a aceitação demorou tempo. Ou talvez não seja para se crer.

Os que os gostam não deixam de o fazer e, quando o recordam, olham para o seu semblante, bem trabalho, tentando descortinar traços de amargura que a maquilhagem, e ele, souberam tão bem camuflar. Continua vivo num patamar mais elevado, a eternidade.

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