Existe para lá de um véu ténue, a sensação de que habita uma perspetiva diferente. Pode ser no outro lado do mundo ou até na casa ao lado.
As pessoas em conjunto, como sociedade, apesar de caminharem de mãos dadas por entre regras e deveres impostos por um “primário” cultural, do outro lado, existe uma outra dimensão com ideais e crenças diferentes ou opostas. Ao longo dos tempos, inevitavelmente, organismos ou governantes dividiram a sociedade, e por isso, podemos congratulá-los pelos grandes projetos arquitetónicos das grandes muralhas, muros ou paredes que nos dividem. Líderes estes, responsáveis também, por um passado controverso e desumano, mas que hoje conjuram intolerância à liberdade, à paz, à comunidade científica, à religião e até ao amor!
Do passado ao futuro, houve, há e sempre haverá construtores de uma sociedade dividida em mais de duas partes. Vejamos, por exemplo, na divisão das Coreias em dois estados completamente diferentes. Aplicou-se, inconfundivelmente, a igualdade e a diferença sobre poderes que no núcleo eram idênticos, mas que à superfície aplicavam na sociedade diferenças liberais e populistas. De uma divisão, nasceram dois países.
A humanidade partilhou, temporalmente, a necessidade de pertencer a algo, a uma determinada cultura, fé, grupos sociais, comunidades científicas ou intelectuais, minorias ou maiorias, partidos ou adeptos de clubes ou claques desportivas. É a maneira como nos expressamos em comunidade, como nos damos a conhecer e conhecemos os outros. E muitas das vezes, nascemos incutidos a assumir e defender este parecer que nos move, e que nos mantém objetivamente ativos e confortáveis. Integrados!
O que nos separa do cumprimento do nosso “ver” é o momento em que se considera as outras ideias ou interesses como algo negativo, sujeito a repúdio ou como inimigo. E ainda pior é quando tornamos a diferença em alvo a abater. E por isso, somos vendados com discursos egocentristas e oportunistas que nos levam ao tijolo e à argamassa, dia após dia, fomentando uma ideia que queremos e julgamos ser nossa. Após a edificação da linha imaginária ou física, o resultado depende sempre da resposta que damos ao outro lado do muro. E por essa razão, existem opostos que se toleram e respeitam, mas outros que se bombardeiam com palavras fortes ou atos de pouca racionalização.
A maneira como a humanidade vê a diferença é a maior construção da muralha entre nós e, por isso, é necessário refletir… paredes sociais são sinónimo de sinais assertivos de imposição ou até, de meros medos incompreendidos.
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