São várias as vezes em que nos chega aos ouvidos a frase “as melhores coisas da vida são de graça”. Por muito cliché que esta frase seja, a verdade é que faz todo o sentido e corresponde apenas à verdade.
Vivemos constantemente preocupados com contas para pagar, dinheiro para gerir, objectivos financeiros para atingir. Todos temos uma lista (nem que seja apenas mental) de coisas que gostávamos de comprar, de locais que gostávamos de visitar e de formas de ganhar dinheiro para conseguir fazer todas essas coisas. Sublinhamos incansavelmente a importância do dinheiro nas nossas vidas e o bem que ele nos faz ao corpo e à alma.
Seria incorrecto negar a importância do dinheiro e o facto de precisarmos dele para, no mínimo, sobreviver. No entanto, aquilo que mais nos faz felizes reside em coisas que o dinheiro, de facto, não compra. Somos felizes com as mais pequenas coisas: um amigo, um abraço, uma flor, um animal de estimação, a família, uma dúzia de gargalhadas num convívio entre amigos. Essas coisas fazem parte do vasto leque de motivos para a nossa felicidade e, como podemos facilmente constatar, não se compram. Não há dinheiro que pague o sorriso da nossa mãe quando nos vê depois de muito tempo longe de nós, nem o abraço apertado da nossa avó quando nos diz que estamos cada vez maiores, nem o ombro amigo que está presente quando as lágrimas se tornam pesadas demais.
No entanto, há algo ainda mais fundamental, que nenhum dinheiro do mundo pode comprar: os sonhos. Muitas pessoas seguem determinadas carreiras profissionais em busca de um melhor emprego, de um melhor salário e, consequentemente, de mais dinheiro. São tantos os casos daqueles que, em busca de um futuro melhor e de mais qualidade de vida, são médicos ou advogados porque essas são, à partida, profissões com futuro. A pergunta que se coloca inevitavelmente é a seguinte: onde ficam os sonhos? Os sonhos – gostava que a resposta não fosse tão fácil – são deitados para o lixo, porque enquanto quem os sonhou está numa busca incessante por mais e mais dinheiro, eles vão sendo deixados para trás.
Se o dinheiro paga muita coisa – inclusive a realização de alguns sonhos -, os sonhos não têm, de todo, de pagar pela sede de dinheiro que algumas pessoas têm. Defendo que, se temos uma profissão de sonho, devemos lutar por ela, mesmo que isso implique termos um salário menor. A frustração de um trabalho que nos faz infelizes não é passível de ser apagada pela enorme quantidade de dinheiro que receberíamos nesse mesmo trabalho.
As nossas opções de vida não devem ser influenciadas pelo dinheiro, pois isso significa deixarmos que seja o dinheiro a guiar as nossas vidas e a tomar as rédeas do nosso futuro. É importante termos mão firme e seguirmos os nossos sonhos, sem olhar para o dinheiro ou para a qualidade de vida que eles nos irão trazer, mas tendo principalmente em conta que temos amor próprio em doses suficientes para decidirmos ser felizes a todo o custo – e não há, garanto, dinheiro algum que pague a felicidade de seguirmos o nosso próprio caminho, repleto de escolhas conscientes que vão ao encontro daquilo que amamos fazer.