A Proxémia nos Relacionamentos

O ser humano é um ser social e por isso não existe sozinho, isto traria sérias repercussões ao nível do seu desenvolvimento humano, social, psicológico e emocional. A vida ensina mediante várias situações a entender e criar a necessidade de comunicação, aprendizagem, conexão emocional e relacionamento social.

Não sejamos hipócritas, quem é que gosta de estar sozinho, durante tempo indeterminado?

Ok, já ouço algumas vozes com palavras contundentes que afirmam que é a melhor coisa do mundo estarmos sozinhos do que vivermos em má companhia.

Sim, senhor. De facto, entre uma coisa e a outra eu prefiro estar na minha própria companhia, por várias razões. Primeiro sou um ser individual e independente quanto baste, é certo, e até gosto de fazer inúmeras atividades sozinha, retirando o melhor partido deste tempo de qualidade. Tal como tantas outras pessoas o fazem.

Contudo, serei eu e o leitor, capazes de vivermos totalmente na sombra do nosso próprio pensamento? Sem transmitir e ouvir ideias, ter uma discussão sobre um tema relevante? Onde estaria o desafio aqui? Autossuperação? Sim, aceito, eu gosto de me autossuperar, mas em relação a quê: ao que fiz no minuto anterior?

Como podemos aprender a superar desafios se não somos seres providos de conhecimento sobre tudo e necessitamos de aprender com base nos outros, também? Seja com os erros e sucessos alheios.

Vou generalizar um pouco mais.

A proxémia no relacionamento a um, é melhor do que no relacionamento a dois?

Depende do grau de evolução de um individuo, da sua autoestima, da sua capacidade de interagir consigo mesmo, do seu autorrespeito. Viver sem respeito próprio é o ponto de partida para muitos relacionamentos mal geridos, já para não aprofundar outras variantes destas situações.

Vou aprofundar agora, fazendo uma avaliação pessoal: se eu amo e respeito a minha essência, se tenho estima pelo que faço, se vivo auto-motivada com o meu propósito de vida, irei eu, admitir, que alguém que esteja ao meu lado não o faça também? Não sou egoísta nem narcísica, nem exijo aos outros, a mesma proporção de amor por mim como a que eu possuo, obviamente, seria impossível pois ninguém tem de gostar mais de nós do que nós mesmos.

Sejamos intuitivamente críticos e observadores em relação ao que nos envolve, a quem nos presenteia com a sua companhia.

O que desejam vocês em relação ao vosso grupo social?

Quais são as condições ideais e necessárias para um relacionamento intrapessoal resultar?

Esta questão deixo para ser respondida em forma de diálogo interno por cada leitor, deixando aqui algumas mini questões para se orientar:

  • De 0 a 10, qual o grau de amor próprio que possui? Estima aquilo que faz?
  • Na mesma escala, quão motivado está hoje?
  • Já descobriu o seu propósito de vida? Está a realizá-lo? O que falta fazer/obter?

Se alguma das questões não o satisfez ou revoltou alguma emoção menos boa, não é caso para preocupação, pode refletir mais tarde, afinal o nosso inconsciente trabalha sempre a nosso favor e nada, nem mesmos estados de alerta são negativos. Podemos tomar esta consciência e voltar ao assunto mais tarde.

Com base neste princípio poderei seguir para a minha análise seguinte: quais serão as condições ideais e necessárias para que um relacionamento interpessoal resulte?

Se cada um dos intervenientes, estiver com a sua relação intrapessoal equilibrada e em sintonia com o seu propósito de vida pessoal, não há razão para açambarcamentos da propriedade intelectual e emocional alheia.

Diria eu, que a proxémia de ambos é respeitada por si e pelo outro. Cada um tem direito ao seu espaço mesmo estando numa relação.

No entanto, isto são ilusões positivas, a mente humana é inconstante, as emoções sofrem embates diários, o nosso comportamento é mutável com base em estímulos internos e externos.

Somos meros malabaristas numa luta ímpar, em comparação com outros seres neste planeta.

E tudo isto porque sentimos e agimos em prol desse pensamento. O importante são as nossas escolhas.

Meditando sobre esta premissa – sejam quais forem as nossas escolhas, estas trazem-nos ao presente: se não estamos bem e felizes, podemos mudar alguma coisa. Não somos pedras.

Sejam felizes e equilibrados.

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