1% – Te agarro e não largo!

“Se eu tivesse um por cento de hipótese de vida e apenas 99% de hipóteses de morrer, continuaria a lutar” é uma frase que se ouve vinda de muitas pessoas a lutarem contra o cancro. Uma frase que acaba por se tornar um lema para todos, porque entendem que a única certeza que temos é a morte.

Mas a vida, essa, podemos reinventar a todo o instante. Devia ter escola para ensinar, constantemente, como podemos reinventar a nossa. A sua e a minha.

Viver é como andar em uma roda gigante dessas de rua, das feiras temporárias, nos parques da cidade. Dependendo do tempo, haja vento ou sol, indica lá qual fase você está. Pode sacudir alguns momentos ou rodar suave e lentamente, como o ponteiro do relógio. Sem grandes percalços, sustos, aventuras ou saltos. A vida segue: altos e baixos. Em declínio ou elevação, nunca há mesmo de ser em vão.

É daí que aprendemos – ou deveríamos, alcançando mesmo que pouco, certo grau de evolução. Aliás, qual a graça em viver teria, se ficar estagnado fosse meta de vida?

Sair da zona de conforto, arriscar ao tempo – literalmente ou não – pode ser forma de se reinventar. A mesmice beira a babaquice e não tem piada ser sempre igual. O alto grau da ignorância se dá quando alguém afirma que nunca vai mudar.

Mudar também é um ato de coragem. Persistir nos erros é só confirmação de ser bitolado, indo na contramão do crescimento. O mudar pode vir vinculado a motivos diretos ou indiretos.

Pode ser “meio sobre pressão” … seja pela consciência que pesou, o ordenado encurtou, a família desandou ou até no amor – que quase certo – afundou! A motivação é o menor da preocupação. Vale mesmo é a determinação em girar e em qual resultado dará.

Só chorar, desesperar e desfocar, não faz qualquer coisa mudar. É essencial que possamos estar sempre em movimento. Seja corpo ou mente.

Mente sã. Corpo são.

Dizem as más línguas, que quem se ocupa e tem o que fazer, nunca perturba. Talvez eu seja uma dessas más línguas e concordo, em género, número e grau! A prática e vivência ensina mais que teoria. Gente desocupada nem sempre é chata, mas gente chata é sempre desocupada. A chatice, vitimização, a mesmice e dramatização está sempre interligada à falta de ocupação.

Não é preciso esperar estar por um fio de sobreviver para avaliar a vida e se for necessário, se reerguer. Por que esperar uma doença terminal, um laudo decisivo no exame feito ou uma mudança de status sentimental ou no financeiro?

Basta estar atento aos detalhes. O mínimo, que se torna muito. E se torna grande.  O que basta. Que preenche e agrega. Mudar, refazer, arriscar e aprenderleia, volte a ler, repita, execute e pratique.

A vida gira mesmo como na roda gigante, mas a velocidade que anda pode ser você a conduzir. Seja um curso para iniciar, uma nova carreira investir, um amor para assumir. Uma mudança de cidade ou país, prestes a acontecer. Uma adoção pendente, seja de bicho ou humano: segue em frente. Opção sexual a não esconder, um dom que exponha, menos vergonha, mais coragem. O “dar a cara à tapa”, enquanto corre a favor do tempo. É arriscar sem muito pudor. É fazer coisas pela primeira vez sem medo de ser analisado. “Liga” o botão do dane-se ou o do palavrão, afinal.  Não faz diferença desde que a meta seja: liberdade e ação.

Chega um momento, seja novo ou velhote, que a “ficha cai” (ou deveria) e tu percebe que não é preciso ouvir do médico que há 1% de chance de vida, para se agarrar nela. Muito menos ir correndo fazer tudo dos 99, que não deu tempo. É vida. É presente. Não tem cartilha ou manual. Todos, sem exceção, erram tentando acertar. E nessa prova, não há nota certa ou boletim impresso.

Basta ter a certeza de fazer o que pode e dentro do possível, o que quer. E finalmente, na conclusão, é a consciência se manter tranquila para saber que é muito mais importante ser do que ter! Mas viva e não sobreviva.

Viva. À 100%!

Nota: Esse texto foi escrito seguindo as regras de português do Brasil

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