Why so Serious?

[box type=”warning” align=”alignleft” class=”” width=””]

[Sugiro que antes de começar a ler este artigo procure uns auscultadores, abra um Spotify perto de si e pesquise por The World of Hans Zimmer – A Symphonic Celebration (Live). Encontre uma posição confortável na sua cadeira, pressione play na primeira faixa e, agora sim, comece a sua leitura.]

[/box]

A música ajuda-nos a expressar, transporta-nos para momentos, locais ou sentimentos diferentes. E tal como na vida, também na produção cinematográfica, a sua presença é elemento fundamental. É através dela que se exaltam vozes, se definem tons, transformam emoções e silêncios. A sua presença ou mesmo ausência, num momento específico, pode ser definitiva para o sucesso ou insucesso de uma cena.

Estamos em plena Award Season, pensar em cinema sem refletir sobre o papel determinante da música no cinema, parece-me (no mínimo) injusto. Falar de música no cinema, sem falar de Hans Zimmer é completamente impossível. 

Recordo-me perfeitamente da primeira vez, pelo menos com consciência, que ouvi Hans Zimmer. Algures entre 2012/2013, meti os auscultadores, abri um link do YouTube que me foi enviado e fiquei aterrada. Era uma versão com orquestra de Time ( Inception ) e a profundidade a que aquelas notas conseguiram (e ainda conseguem) chegar, foi mágico. Absolutamente genial. 

Inception é um dos meus filmes favoritos, tanto pela genialidade de Christopher Nolan como pela produção musical de Hans Zimmer, que preenche espaços e completa momentos, a subtileza que ao mesmo tempo é forte e intensa – como não pensar na cena em que Ariadne conhece Mal, no quarto de Hotel? (1) Inception é o mix perfeito entre dois génios, totalmente inesperado e fantástico.

Contudo e para meu espanto, admito, Inception não foi o primeiro contacto que tive com a genialidade de Zimmer. Muito pelo contrário, muitos dos meus filmes de eleição tem a sua mestria e, a pensar nisso, talvez seja por isso mesmo que tiveram tanto impacto em mim. 

Quem não se lembra das cenas iniciais de Mission Impossible 2, do sapateado e de Seville? Uma conjugação de elementos em que a intensidade da música, os momentos e os silêncios, definem o tom e transformam toda a cena. 

Interstellar, Da Vinci Code, Pearl Harbor, O Último Samurai, Piratas das Caraíbas ou Rei Leão, são alguns exemplos de uma genialidade que nos leva para outros destinos. O clássico que se funde com o contemporâneo e com a eletrónica, em instrumentais que comunicam diretamente com o nosso ser mais puro. Que nos dão força, coragem, tristeza, elevação, energia!

É impressionante o papel determinante que Hans Zimmer tem para o cinema contemporâneo, no entanto e na minha opinião, é na trilogia Batman de Christopher Nolan, que se supera. 

Why so Serious é tão complexa e desconcertante quanto a personagem a que se destina – Joker. O violino, os metais, a intensidade que cresce, muda e arranha. Os ecos. Com apenas duas notas, tocadas por violoncelo, violino, guitarra, cordas e… lâminas de barbear, Hans Zimmer criou a versão musical da personagem Joker – torturada e retorcida. GE-NI-AL.

A arte de Hans Zimmer mostra-nos que a música é muito mais que um acessório num filme. É a emoção que transmite, os silêncios, a complexidade das personagens que ajuda a dar vida e a mensagem que enfatiza. Defender a visão da música enquanto elemento secundário no cinema, é altamente desajustado e injusto. 

E aqui Hans Zimmer é soberbo. Na música que eleva e que chega mesmo a definir o filme. “Time” continua a ser uma das minhas favoritas de sempre, continuo a achá-la triste mas completamente poderosa.

—————
Notas:
1 – Inception, minuto 00:59:00
Share this article
Shareable URL
Prev Post

Sincronia noturna

Next Post

Olivia Rodrigo

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Read next

Dogville

Em Dogville encontramos a (quase esquecida) estrela Nicole Kidman num filme onde o realismo é alcançado pela…

Sonata de Outono (1978)

O conceituado crítico de cinema João Benárd da Costa titulava Sonata de Outono, um dos melhores filmes de Ingmar…
Sonata de Outono

Mamma Mia! (2008)

Typical isn’t it? You wait 20 years for a dad and then three come along at once. – Rosie Este filme…

Ser Estátua

Ficar parado no infinito. Assim era como ele descrevia o seu trabalho quando, por qualquer que fosse o motivo,…