A tendência da sociedade atual é de algum modo falar dos Millennials, ou se quisermos dos jovens de hoje em dia, como sendo uma faixa etária da população preguiçosa e passiva, que apenas aprecia festas e convívios, ou seja, como se diz na gíria, apreciam a farra e a vida boa. No que ao trabalho diz respeito não estão assim tão disponíveis e nem preparados para o enfrentar.
A sociedade sempre pronta de dedo em riste, para os acusar de pretenderem apenas um emprego e não estarem propriamente preocupados em efetivamente trabalhar, diz-se que lhes falta o sentido de procura de um significado maior, no fundo falta-lhes um objetivo de vida. Diz-se ainda que estes Millennials não conhecem o conceito de “vestir a camisola”, viver uma causa.
Eu não podia estar em maior desacordo, a sociedade que deveria ter sido o seu maior apoio, nunca se compadeceu da velocidade rapidíssima a que tiveram que crescer, aprender a ser gente e pelo meio ir ainda vivendo também.
Muitos destes Millennials, são resultado das frustrações de pais mal resolvidos, que não tendo conseguido “vencer” na vida, projetam nos filhos os sonhos que não conseguiram realizar, passando para estes jovens o ónus da responsabilidade de ser os realizadores de sonhos dos papás.
Estes papás que, entretanto, na correria da vida, se esqueceram de passar valores, emoções, sentimentos, e sobretudo o amor na relação com o próximo. São em muitos casos estes jovens, vítimas de uma sociedade sem tempo para apreciar e valorizar o crescimento das suas crianças. Foram-lhes relegados e quase sonegados valores fundamentais da estrutura emocional e de carácter de um qualquer ser humano.
Em suma acredito que não são eles que estão errados, somos nós que permitimos que se desenvolvessem numa sociedade desestruturada e sem rumo ou orientações comportamentais.
Podemos perguntar-nos como será a sociedade e, em especial o mercado de trabalho, quando os cidadãos dominantes da nossa sociedade forem estes Millennials?
É um risco grande assumir qualquer tipo de resposta a esta questão, eles foram gerados e educados numa sociedade marginalizadora, que critica em vez de ensinar, que comenta ao invés de educar pelo exemplo, em suma estes jovens são apenas e só o reflexo do que lhes foi ensinado, e espelham uma geração antecessora repleta de frustrações mal resolvidas, que não soube na grande maioria das vezes dar o exemplo, ensinar e educar os seus descendentes.
É verdade que também há exceções, como em tudo na vida.