O mundo digital domina as nossas vidas. Partilhamos com o mundo tudo aquilo que achamos relevante.
Postamos fotos das nossas férias, dos lugares que visitamos, do que fazemos na nossa rotina diária, dos eventos em que participamos, do nascimento dos filhos e netos. Em suma, tudo aquilo que eleva o nosso ego. Comunicamos com pessoas de todos os quadrantes da sociedade, de várias ideologias e extractos sociais, comentando tudo aquilo que recebemos, expondo a nossa vida e a dos outros a um escrutínio global.
Contudo, será que tudo aquilo que publicamos ou vemos é verdadeiro e transparente?
Julgo que não, só publicamos aquilo que nos traz felicidade, tentando demonstrar à sociedade uma vida que não corresponde à realidade. Existem excepções, claro, as pessoas que utilizam as redes sociais para divulgar o seu trabalho e pesquisarem assuntos relevantes para a sua vida profissional ou para os seus hobbies, aproveitando os benefícios que a Internet nos dá. Contudo, na generalidade, só partilhamos aquilo que queremos demonstrar e mostrar um rosto de vida que não é a nosso.
A sociedade actualmente está virada do avesso, vivendo unicamente de aparências, tentando mostrar uma vida que não existe, partilhando apenas o lado solar e esquecendo o lado lunar, aquele que demonstra efectivamente quem somos na realidade, qual a nossa personalidade. Os nossos defeitos, esses, ocultamos com todo o afinco, enaltecendo unicamente o lado belo da nossa vida.
Falta transparência na nossa sociedade, abrirmos o coração e mostrarmos realmente quem somos. É essa transparência que temos que mostrar e dar de exemplo aos nossos filhos, transmitindo-lhes a noção da realidade, elucidando-os que a vida que vem nas redes sociais é fantasiosa e irreal. Que a vida é mais do que um lado cor-de-rosa, que também está pintado de cinzento e negro.
Assim podemos fazer uma sociedade transparente, honesta e equilibrada, onde o lado solar e lunar andem de mãos dadas.