Quando se fala em crise económica, números de taxas de desemprego a atingirem níveis históricos ou crise da estrutura financeira europeia há um país que parece escapar e passar ao lado de toda esta perturbação: a economia da gigante Alemanha, parece estar bem de saúde e com vigor para prosperar. Apesar de uma pequena desaceleração, quando comparada com os restantes países europeus, a Alemanha aparece sempre destacada em primeiro lugar.
Contrariando às previsões mais pessimistas, os institutos económicos alemães anunciaram, em Outubro, que a economia germânica está a iniciar um período de auge, avançando com uma previsão de crescimento do PIB alemão na ordem dos 1,8% em 2014. Segundo Peer Steinbrück, político do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e candidato derrotado nas eleições legislativas de Setembro, a receita do sucesso está na indústria alemã.
Enquanto que na maior parte dos países europeus a tendência foi para uma clara terceirização da actividade económica, na Alemanha o tecido industrial é próspero, inovador e determinante para o PIB. Socorrendo-se de uma gama vasta de pequenas e médias empresas, o sector industrial contribui em 75% para as exportações alemães com especial ênfase para a indústria automóvel, máquinas ou produtos químicos.
Porém nem tudo são rosas no paraíso alemão. Na campanha eleitoral alemã, um dos tópicos mais abordados pelos candidatos, que reflecte a insatisfação da população, foi a justiça social no trabalho. Se para a camada política, o sucesso se deveu graças às reformas no mercado de trabalho e no regime de segurança social, para os germânicos as mesmas modificações prejudicaram o trabalhador.
De acordo com um estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa da Agência Nacional do Trabalho, cerca de 25% da força trabalhadora alemã é classificada como baixa renda, isto é, os alemães que recebem menos que 9,54 euros por hora, o preço base estabelecido, já representam uma percentagem elevada no mercado de trabalho.
A crescente flexibilização do mercado de trabalho, como forma de tornar as empresas cada vez mais competitivas, trouxe à realidade alemã uma certa imprevisibilidade para o trabalhador. Empregos temporários e contractos de terceirização são agora lugares comuns para os trabalhadores alemães que tal como no resto da Europa (em Portugal, o acordo entre a Troika e o governo também tende para esta flexibilização do mercado) tiveram que se adaptar às novas exigências do sector económico.
Zona Euro um risco para a economia alemã
Embora por si só, a economia alemã seja a mais forte da Europa, o facto de estar integrada na realidade da Zona Euro, formando o bloco europeu, pode abrandar o ritmo da economia mais uma vez.
“Os instrumentos criados nos últimos anos para estabilizar os mercados e o anúncio do Banco Central Europeu (BCE) de intervir no mercado da dívida em determinadas condições tranquilizaram de momento a situação, mas não são uma solução a longo prazo”, refere o relatório apresentando pelos institutos económicos alemães.
Caso as reformas em curso nos países que estão sob a assistência de programas de recuperação económica falhem, as tensões nos mercados financeiros podem voltar provocando o efeito ricochete na vigorosa economia alemã.