Quem nos pode culpar por sentirmos?

É inevitável que às vezes nos sintamos a fraquejar, com vontade de desistir, de nos demorarmos na cama, de olhos prostrados no teto, a chorar. Apenas a chorar. Como se todas as dores do mundo se tivessem apoderado de nós.

É inevitável que sejamos invadidos por dezenas de pensamentos negativos, que nos entorpecem a mente e afligem o coração. Que até soam loucos quando ousamos repeti-los em voz alta.

É inevitável que olhemos para os outros ao nosso redor e nos perguntemos porque não podemos ser tão felizes quanto eles. Porque é como dizem, a relva do vizinho parece sempre mais verde do que a nossa.

É inevitável que por vezes fujamos do sol, com medo de enfrentar o novo dia que começa. Com medo de nos queimarmos na sua brasa. Como se na salvação pudesse estar o perigo.

É inevitável que nos sintamos a ser sugados para um buraco profundo e negro, do qual não conseguimos escapar. Do qual já nem queremos escapar, de tão cansados que estamos.

É inevitável, porque a vida não é linear, porque somos humanos, e os dias maus fazem parte.

As más decisões, os defeitos, as dores, os tropeços e os erros são necessários para o nosso crescimento.

Somos humanos e sentimos e quem nos pode culpar por sentirmos?

Como reconheceríamos a felicidade se vivêssemos num estado permanente de alegria?

À semelhança do arco-íris que só surge depois da tempestade, também a nossa paz só a encontramos depois de experimentarmos – e enfrentarmos – a dor.

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