Tenho uma lista grande de coisas para fazer. Outra com desejos a atingir até ao verão. Duas com filmes que desejo poder dar a minha opinião. E uma infinidade delas com países que quero conhecer.
Sou uma pessoa de listas e rotinas. Rotinas e listas. Não fosse eu ser humano. Mais ser que propriamente humano. E me sentasse sempre no mesmo lugar em todas as casas que frequento com regularidade. Que bebesse o mesmo leite desde que larguei o materno. Nada politicamente correto dizer que bebo leite, porque agora não está na moda.
Não fosse eu alguém que mete as calças pretas todas empilhadas no mesmo sítio. E as de ganga todas com a mesma cor de cabide. Sou de rotinas.
Eu própria sou uma. Acordo mais ou menos 365 dias do ano à mesma hora. E não venham perguntar: “E quando tens aulas?” Quem vos disse a vocês que eu estou acordada, quando caminho naqueles corredores com tantas fragrâncias de excreções das glândulas sudoríferas com metros a mais para consumo. Até lá guio-me pela boa conduta de dizer “bom dia”.
Descalço-me à porta, assim que entro em casa. Todos os dias. Sejam 5 da tarde ou 5 da manhã. Faz-me impressão andar com sapatos da rua dentro de casa.
Tenho mais de 10 almofadas na mesma cama que eu. Nunca me consegui desabituar do facto de me entalarem em almofadas para não cair da cama.
Ouço música brasileira desde que dei o primeiro passo na discoteca. E graças aos conhecimentos dos meus pais, bem que foi cedo. “Oh, Mila” é e sempre será um êxito que miúdos incultos não conseguem sentir sempre que passa na discoteca, mas eu, habituada a ouvir isso enquanto limpávamos a casa em família, solto o açaí que existe dentro de mim e voo para Copacabana.
Escrevo com a mesma marca de canetas desde que aprendi as primeiras letras. Azul não muito carregado e nada de gel. Folha sempre de lado. E não muita pressa em ditados, que já deixei o quarto ano há bastante tempo.
Mal de alguém que venha dizer para largar a rotina. Apresento logo o mapa que tenho planeado para as próximas três semanas e logo vemos quem é que entra em casa calçado, muda a música para Funk brejeiro e me dá uma caneta preta para acabar de preencher os dias.