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Comentadores televisivos: os faróis da agenda semanal

Quem ainda liga a “caixa mágica” sabe que há figuras que semanalmente a preenchem de opiniões. Contudo, será que essas figuras preenchem a nossa cabeça com tais opiniões?

Enquanto Marques Mendes fala na SIC ao domingo à noite, parece que todos os media estão sintonizados para ouvir o social-democrata. Isto acontece, porque, entre a análise da semana, Marques Mendes pode, a qualquer momento, dar uma notícia. E essa notícia tem que ser destaque no dia seguinte, tem que ser falada na semana que se segue, para que Marques Mendes possa analisá-la no próximo domingo. Entramos, assim, num ciclo vicioso.

Ora, claro que o papel dos serviços noticiosos de televisão não pode passar apenas por lançar informações para os espectadores. A televisão deve dotar a audiência de ferramentas criadoras de enquadramentos sociológicos. Será nesses quadros que a audiência se transformará em público, ou seja, num grupo com racionalidade crítica sobre o que vê e ouve.

É nesta lógica que as televisões argumentam a necessidade da presença dos comentadores televisivos. Em certa medida, o papel destas figuras está relacionado com a descodificação dos temas em debate. Contudo, não podemos descurar as filiações políticas e desportivas dos comentadores que, numas vezes, passam “sem querer” e, noutras, são permanentes.

Nos casos em que as inclinações partidárias e clubísticas são presença constante, os espectadores sintonizados serão tendencialmente aqueles que se identificam com as ideias expostas. Este grupo espera confirmar as opiniões que formulou previamente. Nos casos que se aproximam de uma (talvez velada) imparcialidade, acabamos por receber parâmetros de interpretação da realidade. Apenas isto: parâmetros. Ou, se quiserem, guias, faróis.

Na guerra pelas audiências, as televisões dão, então, largos minutos de antena a figuras públicas que têm opiniões essencialmente sobre política e futebol. São escritores, jornalistas, deputados e conselheiros de Estado que ganham exposição mediática e lucro financeiro. No entanto, eles sabem bem que não têm o poder de implantar opiniões nos outros, como se de uma operação se tratasse. Os comentadores obedecem sim à teoria do agenda-setting, dizendo-nos sobre o que devemos pensar e não o que devemos pensar.

Na verdade, o poder dos comentadores (e da imprensa em geral) passa por não trazerem determinados assuntos à tona. É, sobretudo, naquilo que fica por dizer que se desenham as manobras de controlo social.

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