Portugal é um país tão bom e tão rico em acontecimentos que, às vezes, até me tira o fôlego e faz cócegas no nariz. Ah, não… Isso é a rinite. Portugal só me faz mesmo revirar os olhos e ter vontade de emborcar a garrafa de gin de uma só vez.
Primeiro, “ah e tal vamos rentabilizar recursos, juntando o ridículo ao disparatado, unindo duas das forças que os cidadãos mais odeiam e pôr-lhes a vida a andar para trás. Ou a pé, conforme a dívida”. Depois, “ah e tal, afinal já não, porque já não nos parece assim a última coca-cola no deserto das ideias parvas e o povo não achou graça e agora é só anedotas à nossa custa.”
FRA-QUI-NHOS.
É por isso que este país não anda para a frente, realmente. Planos geniais para sempre ridicularizados. Ideias tão, mas tão, boas, que grande parte dos humoristas portugueses invejou não se ter lembrado disto primeiro. Eu, que não sou humorista, estive três dias a colocar gelo no cotovelo, tal foi o choque da articulação com a inveja de uma piada tão boa e que tantas reacções poderia gerar junto do meu pequeno público.
No fundo, tenho para mim que o Governo tentou mesmo proporcionar-nos um grande momento de entretenimento. Uma espécie de stand up comedy, num daqueles bares manhosos, onde só vendem cerveja de pressão e há sempre um erudito que leva tudo a sério, ao qual é preciso o comediante explicar “é a brincar”, varrendo para debaixo do tapete toda a graça que a piada poderia ter.
Contudo, nada foi em vão e tudo vale a pena quando a alma não é pequena – já o dizia alguém cujo nome agora me falha na memória. O importante é que o público ria, se a piada era boa ou não, será sempre subjectivo. Neste caso, foram uns vencedores e isto foi um sucesso: nunca ninguém pôs Portugal inteiro a rir durante tanto tempo e com tanta vontade.