Marca Apple – Permanência: umas vezes a correr, outras andando

A Revolução da Maçã

A Apple Inc. é uma das empresas mais icónicas do mundo. Mantem-se como marca de destaque há décadas. Esse sucesso é resultado de uma receita de sucesso que combina inovação contínua, branding eficaz, qualidade de produtos e um ecossistema integrado.

Revolucionou diversos setores, como a computação pessoal (com o Macintosh), a música digital (com o iPod e iTunes), os smartphones (com o iPhone) e os tablets (com o iPad). A empresa continua a apostar em produtos e serviços inovadores que atraem os freaks das tecnologias. E depois há, desde sempre, um enorme investimento em design.

Antes do Macintosh era inexistente, ou muito ténue, a identificação do computador como objeto bonito, apelativo, para além da usabilidade; o foco na experiência do utilizador.  Tem sido uma marca disruptiva neste ponto.

Para além disso, a marca criou um universo de produtos ligados como se de um ecossistema de tratasse. Por exemplo, o iCloud sincroniza informações em todos os dispositivos Apple e a App Store oferece uma variedade de aplicativos que funcionam em iPhones, iPads e Macs.  E tem sabido comunicar como nenhuma outra tecnológica. Chama-se marketing eficaz.

As suas campanhas publicitárias são memoráveis e geram enorme expectativa antes do lançamento de novos produtos. A marca é associada a inovação, a status e exclusividade. A forma como comunica só sublinha ainda mais essa visão.

Oferece também um serviço ao cliente diferenciador, a AppleCare. E aposta, nos últimos anos, imagine-se, nas lojas físicas próprias. Autênticos antros de pecado para viciados em gadgets de topo. Não há como escapar à tentação. A mais próxima de nós fica em Madrid. Um conceito de El Corte Inglès só com a marca Apple. Quem quiser arriscar uma visita, prepare a carteira. Ou o pacote de lenços de papel para sair de lá em choro. Sem compras.

Um pouco de História e a IA desde sempre

A empresa, fundada por Steve Jobs, Steve Wozniak e Ronald Wayne em 1976, está repleta de marcos significativos. Desde os primeiros computadores pessoais até o revolucionário iPhone, a Apple acompanha-nos com a sua dentada na maçã há 48 anos.

A abordagem da Apple à Inteligência Artificial é única. A empresa investiu na integração da IA nos seus dispositivos, como a Siri, a assistente virtual que usa IA para responder a comandos de voz e realizar tarefas. A Apple foi pioneira também no reconhecimento facial nas fotografias até à personalização da experiência do utilizador. O elemento diferenciador da Apple reside na forma como combina a IA com o design de produtos. A empresa não se limita a desenvolver tecnologia avançada, como a incorpora de forma intuitiva e acessível. Esta abordagem não é apenas técnica, mas também profundamente centrada no utilizador.

Após a morte de Steve Jobs, surgiram dúvidas sobre o futuro da Apple. Jobs era conhecido não apenas pela sua genialidade, mas também pela sua liderança e visão única.

Mas não.  A empresa continuou a prosperar sob a direção de Tim Cook, que sucede a Jobs como CEO. Cook manteve a Apple na liderança comprometendo-se com a a inovação e a qualidade.

Sob a gestão de Tim Cook, a Apple alargou o seu alcance global e diversificou produtos e serviços. A empresa expandiu-se. Oferece serviços como a Apple Music, Apple TV+ e a Apple Arcade. investe em áreas como saúde e bem-estar, com o desenvolvimento do Apple Watch e outras tecnologias relacionadas com a saúde.

O investimento em privacidade e segurança também são focos da marca. E elementos diferenciadores entre a Apple e a concorrência. Especialmente no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais. Além disso, a Apple continua a investir em pesquisa e desenvolvimento, colaborando com talentos na área da IA e explorando novas frentes tecnológicas, como realidade aumentada, veículos autónomos e sustentabilidade. Mas, dizem os meios de comunicação, que no domínio da Inteligência Artificial, a Apple está a perder terreno. Será? Ou estará na corrida agindo de forma inteligente como a tartaruga face à lebre?

A Apple e o Ajax

A Apple anunciou no verão passado que está a desenvolver uma nova inteligência artificial generativa para os seus dispositivos iPhone e iPad. O projeto Ajax está ainda em fase inicial de desenvolvimento mas a empresa espera lançá-lo no mercado no final de 2024.

A inteligência artificial generativa é uma tecnologia que permite a criação de novos conteúdos, como texto, imagens, música ou vídeo. É uma área de investigação em rápido desenvolvimento, com aplicações em diversas áreas, como a educação, a saúde e o entretenimento.

A Apple não divulgou muitos detalhes sobre o Ajax, mas sabe-se que se trata de um modelo de linguagem factual, treinado num enorme conjunto de dados de texto e código. O modelo será capaz de gerar texto, traduzir idiomas, escrever diferentes tipos de conteúdo criativo e responder a perguntas de forma informativa.

 

A chegada do Ajax à Apple é um sinal de que a empresa está a reforçar a sua aposta na inteligência artificial. No entanto, a Apple parece estar atrasada face à concorrência, que já oferece soluções de inteligência artificial generativa há alguns anos. Será que está atrasada ou é estratégia? 

A Microsoft, por exemplo, lançou o ChatGPT em 2022 , um modelo de linguagem factual que já é utilizado na versão gratuita por uma grande fatia de utilizadores. A Google compete com a Microsoft através do Bard, um serviço similar. E, aparentemente a Apple está a ficar para trás nesta área. Será?

Apesar do atraso, a Apple tem o potencial para lançar uma solução de inteligência artificial generativa de alta qualidade. A empresa acumula uma longa história de inovação tecnológica e um forte compromisso com a privacidade dos dados. E assim se aprende com os erros dos que iniciaram o caminho de forma mais rápida e ativa.

A empresa ganha então tempo para melhorar o seu produto face aos da concorrência. E ainda mais; aproveita a nova legislação. Em julho de 2023, o governo dos Estados Unidos anunciou uma nova política para proteger as tecnologias relacionadas com a inteligência artificial (IA). A política, chamada de “National Artificial Intelligence Initiative for Economic Competitiveness”, tem como objetivo reforçar a liderança dos Estados Unidos nesta área e travar o avanço da China.

Esta legislação apresenta uma série de medidas que incluem reforço de investimento em pesquisa e desenvolvimento.  Os Estados Unidos irão investir 100 mil milhões de dólares em IA, ao abrigo desta medida,  nos próximos cinco anos. Esse investimento é acompanhado por ações  protecionistas relacionadas com a propriedade intelectual de  forma a bloquear a China nesta área.

Esperemos pelo Ajax. Ele vai limpar os troféus todos e será mais uma vitória da marca Apple. A aparente tartaruga que ganha pela consistência dos movimentos.  Nem sempre a permanência na liderança se faz em passo de corrida desenfreada.

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