Sem saber, se existe consenso no assunto, é minha convicção que, a ideia enraizada na sociedade, de que o pensamento positivo é bastante para se atingirem objectivos, deve se primeiramente, a um ligeiro embuste, criado pela literatura de auto ajuda, como vulgarmente se chama. Todavia, é a mente que nos proporciona as ferramentas necessárias, para que se atinjam os objectivos a que nos propomos. A literatura dessa área, pode ser, de facto uma ajuda, mas em contraponto, como se explica os feitos e objectivos atingidos, antes desse “surgimento” moderno?
A sociedade actual, vive um pouco, na sombra do proselitismo, e o que são esses livros de auto ajuda, se não proselitismo?
É um facto quase comum, de que actualmente, grande parte da sociedade vive em um estado de ansiedade, que a limita e tolda a clarividencia , e em parte esse efeito emocional, deve-se a uma excessiva dependência de integração, já não nos satisfaz a simplicidade de sermos únicos, mas a ansiedade de sermos únicos entre outros, torna a coisa mais difícil de ser. O pensamento positivo, é de facto, a primeira barreira a ultrapassar, para a obtenção de alguns objectivos, no entanto o mesmo pensamento positivo, é ineficiente e desprovido de qualquer sentido prático em muitos outros objectivos, que nos predisponha-mos atingir.
A vida é, primeiro que tudo, um estado mental, pois são as imagens mentais, que nos proporcionam a vida no espectro físico, são os nossos sonhos, os nossos pensamentos e a nossa capacidade imaginativa, que nos proporciona a possibilidade da execução física, e quanto mais almejarmos, maior será a nossa carga emocional.
O pensamento positivo funciona, se o mesmo for equilibrado pelo pensamento negativo, é que, desde o extracto abstracto da mente ao abstracto físico da vida, o caminho é longo, e o fruto da nossa imaginação pode sofrer alterações até se constituir em uma realidade concreta, e uma mente em desequilíbrio (excesso de pensamento positivo, por exemplo), irá por certo, reagir de forma emocional a essas mesmas alterações, naturalmente, que se do espectro mental ao espectro físico, existir ganhos, a carga emocional será positiva, mas o inverso não é assim tão amável, e pode provocar estados emocionais, de difícil “desapego”.
Agora, voltando aos livros de auto-ajuda, se os mesmos se destinam a potenciar o pensamento positivo, se a “coisa” correr mal, quem falhou?, No entanto, sempre existem os anti-depressivos, que não são livros, e poupamos o tempo de ler os milagres de terceiros, os contos de fadas possuem finais felizes, porque os autores assim o determinam, e os leitores corroboram a história, porque esse é o desígnio da escrita de tal obra.
Não devemos viver sob constante pensamento positivo, da mesma forma, que não devemos também ser pessimistas ao extremo, tudo requer equilíbrio, e mais importante de tudo, devemos primeiro, conhecer os nossos limites.
A velocidade a que a vida se desenrola actualmente, a imensidão de “coisas” que queremos, tornaram-nos reféns da mente, colocando-nos um peso emocional, que nos sobrecarrega e que nos imprime uma velocidade em dobro, da vida que vivemos, pois, uma coisa é o que temos, outra distinta é o que queremos, o espectro físico e o espectro abstracto, não são iguais.
Também não podemos nos resignar a um determinado estado físico, através do negativismo, como não devemos almejar ultrapassar os nossos limites, é necessário um acordo tácito e expresso, entre o desejo e a realidade, um acordo, próprio e individual, que determine, os limites abstractos e físicos do que se almeja, que torne um pensamento positivo (eu quero) e um pensamento negativo(só posso até aqui), equilibrado de forma, que os resultados sejam, eles também equilibrados e não se tornem um peso emocional.
Tudo se resume, na realidade, a escolhas, entre o que queremos, e o que podemos.