A bondade tem limites?

A bondade define-se pela inclinação que cada um de nós tem para praticar o bem. É certo que nem sempre conseguimos distinguir o bem do mal, mas mesmo quando erramos a tentar fazer bem, a intenção está lá. E, às vezes, basta existir a intenção para haver bondade.

Todos queremos – ou, pelo menos, deveríamos querer- ser bons cidadãos e bons seres humanos. A bondade ajuda a melhorar o mundo e, se não resolver todos os problemas, ajuda a resolver alguns. Um coração bom é capaz de coisas incríveis e o melhor de tudo é que pode mudar vidas. No entanto, a bondade em demasia também pode trazer desvantagens. A verdade é que tudo tem limites… até as coisas boas. Assim, a questão que se coloca é: qual o limite da bondade?

A resposta parece fácil mas não é. Muitos dirão que o limite é a falta de retribuição, isto porque muitas vezes somos bons e recebemos exatamente o oposto em troca. Outros responderão que o limite é a sinceridade dos nossos atos. Seremos sempre genuinamente bons? Ou, algumas vezes, somos bons porque isso nos vai fazer sentir melhor com nós mesmos? Qualquer uma destas respostas é aceitável. Assim como muitas outras.

No entanto, penso que nunca atingimos realmente o limite da bondade porque quando se é genuinamente bom, não dá para deixar de o ser. Por mais que essa bondade não seja reconhecida, valorizada ou aceitada, quando o somos porque está na nossa natureza não há limites. Podem partir-nos o coração, podem dizer-nos que somos bons demais para um mundo tão cruel, podem fazer-nos sentir que não vale a pena e nós podemos mesmo acreditar que “já chega”. Mas nunca chega. Porque está na nossa constituição e o que nasce connosco dificilmente se altera.

A bondade não tem limites. Há quem ache o mesmo da maldade e com razão. Mas por culpa do mau, acreditamos poucas vezes que o bom também é imparável. Mas é. E ainda bem. Que nunca deixemos de acreditar que o bem pode vencer o mal. Porque pode. Só depende de nós próprios e da genuinidade dos nossos sentimentos.

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