“Ouve o que te digo meu filho!” deve certamente ser a frase mais dita pelos Pais em todo o Mundo!
Qual dos Pais que me está a ler neste momento não se revê nesta pergunta? Sobretudo, quando as nossas crias entram na adolescência. E a resposta a essa frase é: Não vos ouvem naquele momento, mas escutam-vos! Isto é: as vossas palavras ficam lá e, mais cedo ou mais tarde, os vossos filhos dar-vos-ão razão.
Tudo isto faz parte da rebeldia saudável do ser-se jovem, de acharem que são senhores e detentores da verdade. E, todos nós, passámos por essa etapa.
Hoje, sou mãe de um homem! Sim, se já tem 18 anos e, se já pode votar, então, acho que os 17 anos que passei a educá-lo e com o que conheço dele, que o posso tratar por Homem!
No entanto, foi com saída do ninho, para voar e crescer enquanto estudante e pessoa, que o fez deparar-se com algumas das coisas que eu tanto o avisei, e que na altura era: “Oh, mãe, tu não entendes… Tu não sabes o que é…” (como seu eu fosse um alien ou alguém que nasceu já com 40 anos).
Nós, Pais, temos de saber olhar para os nossos filhos e ver mais além, e por tal dou o meu muito obrigada ao meu marido, que tem sido um companheiro de vida fantástico, e que me faz ver mais além do que uma cria, e olhar para o meu filho enquanto Ser único e diferente!
Depois há o reverso da medalha… nós, Pais, também temos de nos habituar a que os nossos filhos são, agora, seres autonomos e adultos, com a sua própria personalidade e entendimento muito próprio do mundo que os rodeia.
Pese embora os deixemos voar, mantemos a esperança que eles nunca abandonem de vez o nosso colo, mas eles fazem-no. Confesso que estas «dores» me estão a causar maior dano que eu pensava. Julgava ser mais para a frentex, mais desprendida, mas o reverso da medalha está-me a ensinar a crescer.
Ou seja, nisto da educação, não há processos fechados, há, sim, uma dinâmica constante com processos evolutivos e grandes provas de crescimento interior, para o Pai, para a Mãe, para o Casal e para o Filho.
Criando uma figura de estilo, isto de educação não é uma prova de 100 metros, é uma prova de maratona, onde temos de aprender a ser mais rápidos numas alturas e a sermos capazes de manter o ritmo mais lento noutras, sem nunca perder de vista o objetivo e a nossa capacidade de resiliência e luta por algo em que acreditamos.
Ora, dito tudo isto, constatamos que há o fecho de um ciclo e é nesta fase que, de coração melindrado, voltamos a dar o verdeiro valor ao Pai/Mãe que nos criou.
De facto a vida tem um ciclo, composto por diversos ciclos interiores, que se vão abrindo e fechando de acordo com a nossas idade e percursos de vida, mas todos eles se abrem e fecham, independentemente da nossa vontade.
É pois nesta fase das nossas vidas que voltamos a ser nós! Deixamos de ser o Pai/Mãe de X e voltamos a ser a Maria ou o Manuel, e voltamos a ter vontade de voltar a pensar em nós enquanto pessoas, e deixamos sem medos os nossos filhos seguirem as suas vidas, da forma autonoma, e sem estarmos constantemente a querer pôr a «mão por baixo», e sem estarmos sempre presentes.
Ser Pai, ser filho, ser mãe, ser filha, uma moeda, duas caras – um amor eterno e em constante mudança e aprendizagem.