Todos os anos, é celebrado o Dia do Pijama.
Os meus filhos conhecem o significado real e adoram tudo o que envolve o dia. Quando recebemos as casinhas para montar e fazer de mealheiro, costumamos alertar os três alertados para a impossibilidade de devolvê-las recheadas.
Tal como muitas famílias, na primeira semana de cada mês, já não há dinheiro. Em alguns casos, nem conseguimos ver-lhe a cor.
Eles vão com pijamas vestidos, peluches nas mãos, contentes e felizes. Sem as casinhas.
Num dos dias seguintes, ao acordarem, a preocupação estava estampada nas caras e vozes.
“Mamã, não ajudámos os meninos. Eles vão ficar tristes?”
“Quando nós conseguirmos, ajudamos estes e mais meninos. Pode ser? Eu digo-lhes que estão preocupados, para saberem que não nos esquecemos de ajudar, sim?”
Preparei-lhes o pequeno-almoço e instalou-se o silêncio na sala. Estranhei.
Para nossa gestão, raramente temos notas ou moedas em casa, mas cada um deles tem uma moeda de plástico para colocar nos carrinhos de compras. Quando regressei, cada um deles tinha a casinha à minha espera e um ar de missão cumprida nas mãos.
“Mamã, já sabemos. Vamos dar as nossas moedas todas, para os meninos usarem nos carrinhos, quando forem às compras com as notas e moedas da nossa escola.”
Os meus filhos tinham 5 e 4 anos. Hoje, estão com 7 e 6 e continuam a pensar do mesmo modo.
Eu acredito que é possível mudar o mundo e hoje não estou sozinha nessa emoção. Os meus filhos estão dentro dela. Comigo e com a moeda de cada um.
Acredito ainda que, se procurarmos bem e no fundo, cada um de nós carrega uma destas moedas para que possa ser dividida. Basta querer.