A lua contigo.
A lua sozinha é outra coisa.
A lua contigo… bom, a lua contigo, tu ao luar, nós a passear e a noite a esconder-nos. A luz da lua segue-nos, a lua olha-nos.
Sentados numa esplanada a pedir qualquer coisa irrelevante. Só para molhar os lábios, enquanto namoramos com o olhar. Algo frutado, doce; não gosto de álcool amargo. Tu gostas, pedes um whisky ou algo assim, forte, paralisante. Parecemos miúdos com a primeira cerveja, prontos para sentir a coragem do álcool e enfrentar os nossos desejos.
Sorrimos, e aguardamos em silêncio que nos tragam as tais bebidas que pedimos sem querer. Provamos. “Está boa”, diz um de nós, e o outro concorda. Continuamos a sorrir com os olhos, e o silêncio entre nós é erótico. Não há palavras que se possam dizer, iriam quebrar tudo o que estamos a sentir. Uma espera erótica, é o que estamos a fazer. A deixar sofrer o outro, só mais um bocadinho, porque a seguir a noite é só nossa.
Bebemos mais um pouco. Só com olhares e roçar de pernas o copo vai a meio. Não sabemos se pedir mais, a espera pode ser demasiado longa e um de nós desiste, sem querer, o momento passa e o desejo também. Tudo o que dizemos acaba com um sorriso provocador, toda a conversa mansa foi feita há muito tempo, e agora só nos restam as interjeições e os risos, os olhares, a provocação. O querer. O sentir. Cruzo as pernas e toco-te sem querer – esses sem-quereres que tanto queremos e conhecemos. Arrepio-me.
Tu vês, e finges-te admirado. É a tua deixa.
Levantas-te e deixas uma nota na mesa. Pareces com pressa, parece que te lembraste de alguma coisa urgente, e dás-me a mão para eu ser mais rápida. Corremos para o carro. Arrancas, e estacionas perto, num lugar solitário e escuro.
Não te vejo chegar, viro a cara e encontro-me contigo, só sinto os teus lábios, as tuas mãos, o teu calor. Os olhos já estavam fechados porque já sabiam, já esperavam. Os beijos são rápidos e intensos, somos ímanes. Despes-me com ânsia, com paixão.
A lua contigo. A noite contigo é quente e sabe a liberdade.