Se gostam de narrativas históricas, com um enredo carregado de aventura, mistério e muito drama, este livro é uma excelente escolha.
Confesso que aos poucos vou gostando cada vez mais de romances históricos, – quando bem construídos, como é este o caso – em certos momentos sentimo-nos que fazemos parte de algo maior, algo tão importante como a história, já escrita, da Humanidade. Na prática, sabemos o que o futuro daquela narrativa nos reserva – porque nos foi contada na escola – mas analisando mais amiúde, nos romances desta natureza – real ou inventado por um escritor – estão incluídas muitas vidas dentro das muitas outras histórias por contar que construíram o nosso passado.
A Profecia de Istambul, escrita por Alberto S. Santos conduz-nos numa viagem no séc. XVI, quando a Inquisição Espanhola estava no seu auge. Na altura, para salvar a vida, mudava-se de religião. Confesso que o excesso de violência chocou-me, o mal que o exagero e devaneio religioso podem fazer é sabido, contudo a frieza, loucura e obsessão religiosa com que se praticavam certos actos, deixa-me entender que é apenas pelo medo, sangue de poder e manipulação de crenças que certos grupos religiosos se mantêm até aos dias de hoje. A história é apenas cíclica. Aqueles que eram os “maus” de antes são considerados os “bons” de hoje e os que causam terror nos nossos dias tiveram uma grande história de sofrimento no passado. Todas as religiões acabam por estar taco a taco, todos para o mesmo, a puxar para o seu lado e a querer ficar melhor na “fotografia”. Existirão sempre os perseguidos que mais tarde, no extremo serão os executores, é apenas um jogo de poder.
E é disso que se alimenta esta história: o Poder. As personagens interagem em torno da “Lança do Destino”, um artefacto que ganhou importância aquando a crucificação de Jesus Cristo e que muitos acreditavam que dava poder ao seu tutor. A crença religiosa para alcançar a glória de obter a tão importante relíquia não era o mais relevante (já que dentro do mesmo meio as coisas podiam-se tornar muito más). O mais importante era ser-se o vencedor, – ou pelo outro lado, proteger-se os inocentes – aquele que independentemente da maldição associada à lança fosse O escolhido, detinha a supremacia perante os outros, para o bem e para o mal, nem que fosse por uns minutos e a morte trágica no momento que a lança quisesse mudar de dono seria só uma confirmação do seu poder.
Com este livro viajamos, não só no tempo como no espaço. Partimos de Espanha, passando pelo Norte de África e pela velha Constantinopla, sem esquecer Itália, Portugal e Brasil que também fazem parte de tão longa viagem. Este livro transporta-nos a outros mundos, traz-nos novas visões, cheiros e inquietações. Seduz-nos, intriga-nos. E é também por isso que é tão interessante.
Boas leituras!