O que é a História e o Tempo?

Uma das minhas frases preferidas é de Óscar Wilde:

Liberdade é poder entre duas coisas boas escolher a melhor.

Logo para sermos livres, temos que ter opção de escolha. E ter opção de escolha é construirmos as linhas mestras da história da nossa existência, mas a nossa existência é afetada e tem consequências não só advindas das nossas escolhas, como também das escolhas dos ouros, quer no tempo passado quer no tempo presente.

Por exemplo, para quem nasceu depois dos anos 70, falar de liberdade tem uma dimensão muito diferente de quem nasceu antes. Eu, para além de umas chapadas e castigos por algumas respostas tortas ou desadequadas, sempre fui livre de ter opinião e, para além dos testes com traços e anotações a vermelho, nunca ninguém me impediu de escrever ou publicar o que bem me apeteceu. Sempre fiz e fui onde e quando quis, sem restrições para além das típicas e inerentes à adolescência.

Por isso, para mim, falar de liberdade corresponde à fase de tempo mais recente em que o nosso país se transformou e construiu a sua História, que aprendemos nos livros com reverência para passar em teste e exames e receber uma nota. Para quem nasceu antes de mim, liberdade é uma conquista, que faz não só parte da História do país, como se cruza com vivências próprias e rumos de vida tomados. Contudo, quer para mim, quer para quem nasceu antes de mim, ou os seus descendentes, esta parte da História proporcionou consequências fruto desses acontecimentos.

História é, portanto, o conjunto de acontecimentos humanos que em determinado intervalo de tempo, despoletam factos e reações e que nos posicionam no exato momento e local onde estamos agora. E esta História nasce sempre na opção de um ser individual, que ao colidir com a liberdade de outros seres se transforma na história de uma vida, na História de um país, de uma nação ou do planeta.

A História é a soma dos acontecimentos ocorridos num determinado intervalo de espaço e tempo, subjugados à variável malha de possibilidades que cada opção individual proporciona.

Quando nos acontece uma coisa menos positiva, tentamos identificar o momento em que tomamos a opção errada, ou menos adequada, mas como seres falíveis que somos, estamos em crer que podemos ser perfeitos. E uma das maiores aprendizagens que a História nos dá é que o ser humano é imperfeito, comete erros e que, só após conhecermos o rumo das nossas opções, temos capacidade para discernir que devíamos ter tomado outra opção.

Dividimos entre os preferem pensar que o que lhes acontece na vida é obra do acaso, que é o destino, ou que só depende de nós. Que algumas pessoas nasceram com o rabinho virado para a lua, e outras apenas para sofrer. Que uns lutam e esfalfam-se para construir o seu próprio futuro e outros são uns acomodados. Porém, se nós podemos escolher e os outros também podem, as consequências das escolhas individuais podem colidir entre si e transformar-se numa bola de neve, o que daí advir é o resultado da liberdade de opção. É um pouco como a teoria do caos, em que o bater de asas de uma borboleta do outro lado do Mundo, pode provocar tempestades tumultuosas na nossa vida.

Às vezes, as opções que tomamos são leves e suaves como o bater das asas de borboletas, mas existe sempre a possibilidade de proporcionar eventos com consequências incontroláveis quer na nossa história, quer na do outro.

Considerando a nossa escala de tempo, o presente é o preciso segundo em que nos encontramos neste texto, que, contudo, quando o lerem será parte do vosso presente e do meu passado simultaneamente.

Por isso, a História é o passado, o presente instantâneo e o futuro a expetativa de liberdade, sendo que a delimitação da nossa liberdade está onde começa a liberdade do outro, e portante a nossa história começa na delimitação da história do outro.

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