O Sequestro da Mente

Todo o nosso progresso tecnológico, que tanto se louva, o próprio cerne da nossa civilização, é como um machado na mão de um criminoso.

– Albert Einstein

A tecnologia está em todo o lado e envolve grande parte da nossa vida, já quase não vivemos sem a utilizar, é como se fizesse parte do nosso corpo, mais um membro, sem o qual nos sentiremos sempre incompletos.

Todos sabemos como nos influencia e como dependemos desta nova forma de vida que nos sequestrou, ou por ventura, nem fomos sequestrados, fomos nós humanos que nos tornámos, por opção, dependentes dela, sem perceber muito bem as reais consequências desta escolha, sem saber mesmo responder de que forma é que a tecnologia está a fazer hijack à nossa mente e à forma como vemos o mundo.

Se pensarmos um pouco, sempre que nos chega uma notificação ao telemóvel, logo o nosso cérebro fica atento e alerta ao que acabou de ser anunciado, para se abstrair por completo da realidade em que se encontra.

Estudiosos do tema da mente não encontram uma resposta efetiva que explique os efeitos que os telemóveis, tablets e afins exercem sobre o nosso cérebro. No entanto é do domínio público que existe um imenso volume de estímulos que se pressupões danificam de modo irreversível a nossa memória, dificultando depois a seleção e seriação da informação recebida, o que acaba por provocar o aumento dos índices de stress e ansiedade.

Temos, portanto, a mente completamente sequestrada pela tecnologia. A menos que ensinemos o nosso cérebro a processar a informação correta e nos disciplinemos, habituando-nos a ter momentos de lazer sem telefones por perto, aprender a desliga-lo ou mesmo deixá-lo em silencio, para que não perturbe os nossos momentos de humanidade, enquanto lemos, escrevemos ou simplesmente passeamos por exemplo, e apreciamos a vida que passa lá fora e que por vezes acabamos por não a apreciar verdadeiramente, sem ter que a registar em fotografia, basta que fique na nossa mente.

O ser humano é como outros seres, feito de hábitos e, portanto, é pertinente este processo de humanização que tem que ser feito, em que importa desligar a tecnologia de nós para vivermos mais os afetos, os amigos, os prazeres da vida. Em suma, importa fazer o corte, que não tem que ser radical, mas que tem que ser feito deste vício que nos consome e, infelizmente, somos consumidos por vontade própria, tudo acontece com a nossa permissão e com o nosso consentimento.

Desafio: vamos reaprender a observar uma bonita paisagem, a apreciar uma música que nos transporta para onde o nosso cérebro quiser, enfim, vamos desligar-nos das máquinas e ligar-nos às pessoas e, sobretudo, a nós próprios.

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