O Homem é naturalmente curioso. Desde muito cedo que questiona tudo e todos. Porque é que o céu é azul? Porque é que o sol é redondo? Como é que eu nasci? São apenas algumas das perguntas mais comuns que as crianças fazem e nem imaginam que estão a ser filósofas… Porém, existe pelo menos uma que tem inquietado particularmente os grandes sábios – “Porque existe o mundo, ao invés de nada?”
A religião e a ciência andam em guerra, há vários séculos, em torno desta questão. Se, por um lado, a religião Católica defende que o Universo teve origem num dom divino, por outro, a Comunidade Científica aponta a teoria do Big Bang como sendo a mais aceitável. Uns dizem saber tudo, outros dizem não saber nada e a dúvida prevalece. Na óptica do mestre de yoga indiano Swami Sivananda (1887 – 1963), trata-se de uma “Atiprasna”, isto é, uma questão transcendental. Para o próprio, não é possível encontrar a solução para esta pergunta, nem que se quebre a cabeça por milhares de anos.
Na realidade, há muita gente que tem quebrado a cabeça. É o caso de Lawrence Krauss , um astrofísico americano-canadiano, que causou polémica com o livro Universe from Nothing , onde defende que o Universo é fruto do acaso e que veio do nada, argumentando mesmo, que “somos incrivelmente sortudos por estarmos aqui”.
Se está surpreendido, acredite, Krauss não é o único a defender esta teoria. Um grupo de pesquisadores liderados pelo cosmologista americano Alan Guth também afirma que o Universo nasceu por acaso, mais exactamente de “um mau funcionamento do vácuo que o precedeu”. Guth argumenta que “o nada que existia antes do Universo era um ambiente em que partículas energéticas de cargas opostas passavam os dias a anularem-se mutuamente, como um jogo de futebol que sempre termina zero a zero, porque todos os jogadores têm as mesmas qualidades. Até que um dia, não se sabe bem porquê, uma partícula desempatou o jogo, criando a massa original que resultou na grande explosão primordial conhecida por Big Bang”.
Curioso, o filósofo, jornalista e matemático Jim Holt iniciou uma investigação sobre este mistério, contactando os melhores das diferentes áreas de conhecimento, como o escritor John Updike , o filósofo Adolf Grunbaum e o físico Andrei Linde e estando o mesmo descrito na obra Por que existe o mundo?. Depois de tantas conversas e de ouvir as coisas mais extraordinárias, acaba por concluir que “não é possível entender o mundo até compreender por que ele existe e por que há um Universo do qual fazemos parte”.
A Lei de Hubble, do astrónomo americano Edwin Hubble (1889 – 1953), considerada uma das descobertas mais importantes do último século, refere que a maioria das galáxias se está a afastar da Terra, com velocidades proporcionais à sua distância, confirmando as previsões feitas pela Teoria da Relatividade Geral de Einstein , que defende que o Universo é dinâmico. Contudo, o que se retira de verdadeiramente importante daqui é que, apesar de ser sempre possível descobrir algo novo sobre o Universo, os seus maiores segredos estão fechados a sete chaves. O mais provável é nunca descobrirmos a razão por que existimos.