Quantos de nós não cresceram no medo? Quantos de nós não ouviram “olha que depois vem o bicho-papão…”. Uma simples frase sem maldade alguma mas que, por repetida tantas vezes causava às crianças um medo atroz das consequências dos seus atos, só pelo simples facto de errarem.
Usar o bicho-papão ou outras coisas semelhantes só para fomentarem o medo nas crianças de modo a condicioná-las nos seus atos que, aos olhos dos adultos, são incorretos e errados, causa um mal irrevogável na sua vida adulta.
Crescer no medo é saber de antemão que, aquela criança, em adulta, será insegura e terá sérios problemas de auto estima. Claro que não tem de ser sempre assim, mas assim o é grande parte das vezes. Sentirá um medo terrível de errar ao ponto de não saber lidar com isso, como se errar não fosse, afinal das contas, uma assinatura humana (se reconhecido).
O medo tolda-nos a mente e paralisa-nos, principalmente (para mim, claro) o medo de errar. Pessoas assim, quando erram e, esse erro (pensam elas) pode colocar em causa a sua credibilidade (que todos reconhecem), entram em colapso e numa ansiedade tal que tudo, mas rigorosamente tudo, perde qualquer importância e tudo, mas rigorosamente tudo, passa a centrar-se naquele (maldito) erro. E isso consome-as horas, dias, noites até se aceitar que, afinal, aquele erro era apenas e só um erro.
Mas porque entram essas pessoas em modo de segurança quando erram quando desde muito cedo ouvem a frase “errar é humano”? Não sei! Mas, a partir de agora, vou escrever na primeira pessoa porque eu sou uma delas!
Será que, afinal é mesmo assim? Será que, quando erramos, aos olhos dos outros, é mesmo visto como um ato humano? Não! Tantas e tantas vezes é algo inadmissível!
Morro de medo de errar!
E, se é verdade que, todos os dias digo aos outros que “errar é humano” e que “só não erra quem não trabalha” e que, até aceito (genuinamente) muito bem o erro do outro, a verdade é que eu não aceito o meu. Como se eu, por obra do espirito santo, tivesse de ser munida de uns quaisquer super poderes … Errar, na minha mente, é uma ameaça porque coloca à tona a minha vulnerabilidade, como se isto não fosse a coisa mais natural do Mundo num ser-humano. E é! E pode ser! Nos outros! Não em mim!
Assumo perante os outros todos os meus erros, até porque isso é uma questão de caracter. Mas o maior problema não é assumir, é aceitar isso em mim. Sinto que me coloca num papel de enorme fragilidade. E a fragilidade não deixa de estar (indevidamente) associada à fraqueza. E lá está! “Dos fracos não reza a história”!
Acredito e espero que, com a maturidade que só o passar dos anos me dará, conseguirei aprender a lidar com isto e a viver pacificamente com o meu erro. Até lá, terei de acionar um mecanismo de controlo capaz de me dar o bom-senso de aceitar que sou mais uma Mortal, igual a todos vós e que, até as super mulheres (sem super poderes), cometem os maiores erros. Até lá, terei de aceitar que, por mais que carregue o peso do Mundo, não tenho de sentir culpa por não ser invencível. Até lá, terei de me permitir errar.
Mas serei eu a única que faz do seu erro um “holocausto”?