Na natureza

É em plena natureza que o melhor de mim vem ao de cima, afinal inspiram-me as coisas puras, as belezas simples e os sentimentos verdadeiros!

E é tudo isto que eu encontro e vivo na natureza, por entre plantas e árvores, flores e brisas que nos tocam e atingem, sem realmente o fazerem, é extraordinário este sentimento.

A natureza transporta em si todas as belezas do universo, ensina-nos o modo correto de viver, de forma simples e de um jeito que apenas os puros conhecem.

Quando nascemos tudo é novo e está ainda por descobrir, a beleza da simplicidade dos pequenos gestos e conquistas, são vitórias absolutas que têm um sabor simplesmente excecional.

Muito apreciaria eu, se conseguimos, ao longo da nossa existência, conservar a simplicidade e pureza com que todos nascemos. Contudo, rapidamente o mundo dos adultos nos começa a castrar e a moldar, dizendo-nos que nada é assim tão simples, e afinal, o que nos pareceu tão extraordinário realizar é apenas uma conquista trivial que qualquer criança consegue obter.

Rapidamente nos derrubam os sonhos e a magia dos nossos dias, os seus pesadelos passam a ser também os nossos, os nervos, as discussões e a envolvência atribulada da vida dos adultos, em infindáveis competições, acaba por nos arrebatar da pureza em que fomos nascidos e pelo caminho vamos perdendo (nem sempre, mas muitas vezes acontece) a magia de uma vida que teria muito mais sentido, se nos deixassem descobrir por nós sem condicionantes, e sem criticas ou comentários de quem acha que já sabe tudo.

Mas afinal, os adultos não sabem o que é fundamental – que a beleza da vida está na pureza dos momentos simples, e na aprendizagem contínua que nos ajuda a ter a consciência de que é na humildade e pureza dos gestos, que crescemos enquanto seres humanos.

Teria ainda coragem de afirmar que não haverá bons adultos, se estes não forem bons seres humanos, crescemos na correria da vida que não nos deixa tempo para apreciar o que é mais simples, e valorizar a beleza das pequenas coisas, das conquistas que ninguém aprecia, mas que a nós nos realizam completamente e tanta luta nos deram. São as nossas vitórias.

O pior de tudo isto é perceber que rapidamente as crianças que nós fomos, são agora os adultos que já têm as suas crianças, e a quem cabe a nobre missão de educar (e tão difícil é) estes pequenos seres humanos que a vida nos ofereceu, já que temos neles a grande oportunidade de ajudar o Mundo a ficar um lugar melhor, com seres humanos de valores e vivências autenticamente verdadeiras.

A pergunta que se coloca é a seguinte: Seremos nós capazes de o fazer?

Estaremos à altura deste desafio que a vida nos coloca? Partindo de uma base de simplicidade e pureza que possuímos um dia enquanto crianças? Ou a sociedade já nos dominou e moldou de tal modo, que somos induzidos e condicionados a fazer o que é suposto fazer-se, ou o que é expetável de nós, enquanto adultos conscientes e integrados na sociedade?

Mais do que uma resposta, pretende-se uma reflexão.

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