Existe uma conduta certa para o fim de uma relação?

Antes de entrar a fundo neste assunto, é necessário dizer que existe uma grande diferença entre terminar uma relação de comum acordo, onde os dois refletiram bastante sobre já não estarem felizes e (utilizando um termo banal) “levar com os pés”.

A pessoa que se vê no fim de uma relação, mas não queria estar nesse lugar, por norma fica com uma baixa autoestima, porque está de repente na situação de ser “trocada” por alguém. Ou também se pode dar o caso de esta a ser trocada por algo que leve o outro a acreditar que não faz mais sentido estar naquela relação. Exemplo maior deste segundo caso, é as relações que passam a ser submetidas a uma longa distância. No caso da pessoa que não queria terminar a sua relação, ela é movida e muitas vezes aconselhada a procurar conforto emocional em outras pessoas, envolvendo-se muitas vezes num loop de relações. Estas relações podem ser sucessivas e sem grande significado, para conseguir entrar num caminho de validação física, na tentativa de alimentar o seu emocional repleto de carência. Há também muitas vezes a tendência de se envolver rapidamente numa relação séria, na ânsia de se sentir amado e seguro novamente. O grande problema desta situação, é que há um perigo de causar grandes danos emocionais a uma terceira pessoa, isto por estar constantemente à procura da personalidade de um (uma) ex neste novo “amor”.

As pessoas sentem-se aterrorizadas com a ideia do luto, seja ele de algo ou de alguém, porque não há remédio para isto, se não sofrer. A única opção é somente esperar que um longo tempo de reflexão e solidão as ajude um dia a sair refeitos do fundo do poço. Os amigos nestes casos, nem sempre são as melhores ajudas, porque acreditam que a pessoa precisa de sair constantemente e de conhecer pessoas novas para revidar. A realidade é que é impossível saltar a etapa que corresponde à dor do luto. Neste sentido, há que ressalvar que sentir-se só é difícil, mas sentir-se só estando com alguém, é uma sensação ainda mais insuportável.

Claro que isto não é uma regra que se adequa aos dois intervenientes de uma relação, pois quem termina uma relação, muitas vezes está completamente pronto para se apaixonar. Ou também, pode estar num entusiasmo tão grande por uma nova pessoa que o caminho para se apaixonar é rápido e praticamente óbvio. Essa pessoa é então puxada como um íman para essa nova relação. Juntando a isso a sensação de novidade e sair da rotina que se conhecia, é o cocktail perfeito para colocar o pé no acelerador. Se ela ou ele serão felizes nesta nova relação? A probabilidade é praticamente igual a como se estivessem solteiros há muito tempo. Porque à partida, deixaram a antiga relação sem grandes mágoas ou processos que as levassem a questionar se encontrarão novamente “a pessoa ideal” para serem felizes novamente.

Existem garantias que após o luto de uma relação é benéfico acreditar no amor futuramente?

Não, não existe, nenhuma. No entanto, não é saudável viver aterrorizado com a ideia de um encerramento ou de um recomeço. A única coisa que é garantida no que diz respeito às questões sentimentais, é o facto de que respeitar os processos individuais é a terapia mais acertada para não se sentir sempre incompleto.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Antigo Acordo Ortográfico

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