Marvão – entre céu e terra

O Alentejo é único, sobranceiro e singular e só nele se poderia situar Marvão, portal histórico e híbrido, de onde se avistam imponentes paisagens, quase que continuação atrevida de quem o visita.

Marvão fica entre céu e terra, ali tão perto da vizinha Espanha, a 862 metros de altitude, no cimo da Serra do Sapoio.

Silencioso, envolve-nos na sua própria tranquilidade, enquanto caminhamos nas suas ruas estreitas e recantos únicos, como se nos abrigasse em inesperado refúgio, nos oferecesse santuário enquanto que por ali nos albergamos.

É assim Marvão. Tão hospitaleiro quanto a sua gente, acolhendo e sugerindo que para além dos seus esconderijos, existem lugares como Portalegre e Castelo de Vide que valem a pena visitar em complemento.

No silêncio de Marvão, ouvimos o nosso próprio. É por isso eleito local de reencontro connosco ou com os nossos companheiros de viagem. Dos nossos passos, reconhecemos que por ali passaram romanos e mouros. Que das suas raízes muçulmanas, o chefe mouro que fundou e repovoou Marvão, lhe deu nas suas origens o seu nome, Maruan.

Muitas histórias, personagens e lendas nos sussurram e inspiram, rodeados que estamos por entre muralhas, resistentes desde o século XIII. Assim chegamos ao castelo, somos já nós calma e paz, de pés bem assentes em pedras poderosas e que conquistaram lugar em vasto mundo. Olhamos, em suspiro, a vasta e deliciosa paisagem, a serra altiva e verde, recordamos séries e filmes, livros e lições de história, atrevemos um olhar sobre personagens inventadas.

Não é de estranhar. Passámos mesmo há pouco por memórias góticas, medievais, manuelinas. Visitámos também a antiga igreja do séc. XV e o Museu Municipal, saboreei o Alentejo e num recanto da vila, onde as muralhas se misturavam com a rocha natural, cerrei os olhos e agradeci um desejo concretizado.

Amanhã partimos de mochila às costas e ténis resistentes, temos percursos pedestres por fazer e neles se incluem explorarmos a cidade arqueológica de Ammaia.

Disse Saramago que “de Marvão se vê a terra toda”. Vê-se tons de castanho, verde, azul, branco. Cheiramos aromas doces, aromáticos, quentes. Vê-se o tempo parar e avançarmos ou recuarmos no tempo. Ali, em Marvão, Alto Alentejo, distrito de Portalegre, aprendemos a centrar na terra e olhar o céu.

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