Mães


Ser mãe não é apenas ter os filhos, é cuidar dos mesmos, amá-los incondicionalmente e, sobretudo assumir convictamente este papel, determinante, na história de vida de cada um de nós.

Ser mãe não se resume apenas à “tarefa” de gerar um filho, mas ser Mãe para a vida, enfrentando todos os obstáculos e provações, às vezes, vitoriosas outras vezes debatendo-se com as frustrações ingratas de não conseguir desempenhar bem o seu papel perante uma sociedade que exige muito.

Todavia, conceber e ter um filho é apenas o começo de muitas etapas que nunca vão acabar e, é nesta base, que vos venho falar hoje do musical do momento de grande sucesso que esteve em cena: “Mães”, uma adaptação da versão americana na Broadway de Sue Fabisch pelo encenador português Ricardo Neves-Neves.

Este musical, que suscita gargalhadas genuínas e, ao mesmo tempo, ternurento, apresenta na visão de 4 mulheres diferentes: 3 mães e uma grávida, a experiência e viajem intensa de emoções de ser-se mãe e o prazer da maternidade – uma montanha-russa de altos e baixos que diverte o público e, simultaneamente permite rever-se em muitas das situações descritas.

A história consiste em três mães de faixas etárias diferentes que se juntam a uma amiga que está grávida pela primeira vez para fazerem o “baby shower”. Nesta celebração que tem direito a confissões, a devaneios e até a algum disparate, permite-nos acompanhar as experiências destas 3 mulheres, enquanto mães que sabem bem o que significa ser mãe, perante as inseguranças e até alguma ingenuidade da amiga que está grávida e que está a viver cada momento da gravidez e futura maternidade com muita emoção e eu diria até com ansiedade pela expectativa do futuro.

Um musical diferente, hilariante pelas cenas retratadas, mas com uma poderosa mensagem sobre a amizade de 4 mulheres que, independentemente da sua faixa etária e condição socioeconómica, vivem todas na “pele” o que significa ser mãe.

Se por um lado, temos uma grávida de “primeira viagem”, que vive esta experiência como um conto de fadas cor-de-rosa, por outro, temos uma mãe que é advogada, ambiciosa que vive o dilema de equilibrar a vida familiar com a carreira profissional, uma mãe recém-divorciada que se debate com uma nova condição de ter que recomeçar a vida, gerir o trabalho e as suas motivações pessoais e, por último o paradigma da mulher que é mãe a tempo inteiro com 5 filhos que exigem muito a nível de educação.

No musical “Mães”, que tive o prazer de ver, de rir muito com as personagens e de chorar também, vivem-se muitas emoções e sentimentos ao mesmo tempo, pela abordagem intimista da qualidade da maternidade, com a abordagem de temas como: o amor, sacrifício, autoconhecimento e o equilibrar da vida pessoal versus vida profissional, um tema sempre muito atual na nossa sociedade para se atingir o conceito de bem-estar individual nas organizações.

Neste caso, diria que é uma peça bem conseguida pela experiência submersiva de emoções com momentos felizes, espontâneos, descontraídos e também os desafios, as dúvidas e conflitos internos.

Considero que toda a ligação narrativa bem conseguida pelas personagens femininas, explora e retrata também as relações que se estabelecem entre mães e filhos, entre amigas e companheiros que oferecem autenticidade e uma profundidade fantásticas que só podem ser conseguidas com um elenco de atrizes extraordinário.

Com uma produção musical bem conseguida sob a direção musical de Artur Guimarães, a combinação dos décors, a iluminação do palco e toda a energia constante das personagens que cativam o público, tornam este musical único e memorável.

As atrizes Ana Cloe, Gabriela Barros, Raquel Tillo e Tânia Alves personificam estas mulheres, autênticas, com um desempenho envolvente, conseguem atrair o público para as suas vivências e emoções.

O musical “Mães” é um interessante convite para autorreflexão, autoconhecimento, para uma revelação de emoções na celebração da força, da resiliência e do amor incondicional do que significa ser mãe e fazermos um caminho interessante para a perceção de 4 mulheres incríveis que reúnem um papel comum.

O que é ser mãe? Como somos mães? O que sente uma mãe? Como são compreendidas as mães? Muitas perguntas colocam-se, mas o mais importante é a capacidade de analisarmos e de nos colocarmos no lugar do outro – neste caso sermos mães em qualquer tempo e em qualquer lugar.

Adorei esta peça e deixo o convite para a verem ou reverem (no meu caso voltava a ver) neste período de lazer, de verão, tempo de descontração para as emoções….

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Antigo Acordo Ortográfico

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