No biombo social em que vivemos, como é que podemos construir amizades e dar-lhes força?
Funcionamos, mas por ecrãs e à distância (computadores, telemóveis e televisões) que nunca desligamos. Existem pessoas com mais facilidade em viver assim do que tête-à-tête, pessoalmente. Felizmente, a casa não tem só biombos.
Se ter mais formas de ser amigo bloqueou as naturais? Talvez, mas é um falso problema. O problema está em cada um refugiar-se na Internet, nas redes sociais ou em não arriscar a sair para a rua e enfrentar o mundo, o tempo, o espaço, o vento, a chuva, o sol e o frio. Por hoje em dia existir, talvez, menos espaço/tempo para estar cara a cara com cada um e com os outros.
Cada um está mais consigo mesmo, menos disperso. Ou há mais tempo de vida de cada um. Mais longevidade e mais pessoas e diferenças. Isto é relativo. Cada pessoa terá as suas gestões de tempos e de espaços, os seus momentos, aqui, no Norte, a Sul, no Este e a Oeste.
Hoje em dia, talvez haja demasiada informação, demasiada dispersão, demasiadas mensagens, indicações e ecrãs em todo o lado. O que é ambíguo, tanto bom, como mau. Bom, porque todos somos comunicadores na essência, mas mau, porque destrói silêncios próprios e serenidades e intimidades.
Temos uma população jovem que nasceu num mundo completamente distinto do de há 40 anos. Poucos tinham telemóveis (como se tem desenvolvido esse bicho) e as redes sociais são um fenómeno recente.
Numa altura em que há mais contacto à distância que nunca, perdemos capacidade de estar perto uns dos outros. Há formas de estabelecermos os nossos momentos de pausa e descansarmos nos telemóveis, computadores e no mundo virtual. Vivemos mais tempo (maior esperança de vida) e mais dispersos por vários lados. Talvez, não seja possível viver tudo com tanta intensidade, ou termos de dispersar energia pelos vários espaços e tempos.
Tudo no mesmo espaço e tempo de uma só forma leva a necessidade de sermos divisíveis por vários caminhos (a matemática deve explicar o ato). Não há formas nem tempos certos e corretos de viver, a história nunca pode ser travada. Se antes e ali havia umas vantagens e qualidades diferentes, agora haverá outras e depois ainda outras.
A história é uma passagem de mensagens parca para retratar cada momento, é a melhor que nós temos, mas carece de muita imaginação. Caracterizar lugares e sentimentos diversos é utópico. Não há, felizmente, formas, nem conceitos de o unificar.
O mundo é tão enorme, com vidas tão diferentes, que o biombo também é necessário à casa total, mas é um pequeno espaço relativo ao todo no dia a dia. E a verdade é que o Ser Humano é feito de relações…