Nos últimos tempos, tem surgido no panorama literário português, uma nova vaga de escritores, autênticos herdeiros de José Saramago, único escritor português galardoado com o Premio Nobel da Literatura. João Tordo é um deles.
Deparei, quase por acaso, com a obra de João Tordo. Foi durante uma das muitas visitas que costumo efectuar à Livraria Bertrand no Chiado. Sem motivo aparente, um livro de título Hotel Memória do então ainda desconhecido escritor João Tordo chamou-me a atenção.
Peguei nele, desfolhei-o vagarosamente e como se o mesmo tivesse vida, no meu íntimo, pareceu-me escutar um murmúrio “leva-me, não te vais arrepender”.
E não me arrependi. A partir desse momento comecei a seguir com redobrada atenção a carreira deste escritor que de promessa, passou num ápice a certeza absoluta no meio literário português.
Com ele, percorri todos os recantos de Hotel Memória, conheci As Três Vidas mais espectaculares e enigmáticas, percorri com satisfação O Bom Inverno, até passei O Ano Sabático mais envolvente, mas foi durante O Luto de Elias Gro que encontrei O Paraíso segundo Lars D. e O Deslumbre de Cecília Fluss. Escutei o pedido mais enigmático com Ensina-me a Voar sobre os Telhados, segui A Mulher que Correu atrás do Vento, fiquei preso na Noite que o Verão Acabou, aprendi com o Manual de Sobrevivência de um Escritor e, por fim, encontrei a Felicidade.
Sim, porque é uma felicidade desfolhar cada página, mergulhar nas histórias enigmáticas do autor e voar com as personagens criadas pelo mesmo.
João Tordo é um herdeiro de Saramago, um dos escritores portugueses da actualidade que mais admiro, tem uma escrita descritiva e deveras envolvente que capta a atenção do leitor do início ao fim da obra. As personagens que cria têm personalidades bem vincadas que relaciono com dor, vazio ou perda e, como o próprio diz não se pode escrever bem sem viver, os seus livros são vida, que nos toca no coração.
Durante a sua ainda curta carreira, já foi galardoado com vários prémios literários no qual destaco o Prémio José Saramago com o livro As Três Vidas, o qual mereceu um elogio do próprio Mestre. João Tordo tem uma capacidade enorme de efabulação que não se encontra facilmente.
Ler Tordo enche a alma, faz-nos ter uma outra visão sobre a vida, os relacionamentos e o quotidiano diário, a sua obra eleva a literatura a um patamar elevado só próprio dos predestinados.
Aconselho vivamente a lerem os livros deste autor, um verdadeiro herdeiro de Saramago.
Obrigado, João Tordo, pela felicidade que me ofereces ao ler-te e estarei sempre predisposto a ler-te Até que a Morte nos Separe.