Para a Direita seremos sempre “terceiro mundistas”

A semana passada ficou marcada por muita polémica. E quando aqui digo “polémica” não me estou a referir a tal no sentido negativo do termo porque por vezes a polémica consegue ser algo de positivo. Um bom exemplo disto mesmo foi a enorme polémica que se gerou em torno dos Contratos de Associação. Tal serviu para revelar aquilo que a Direita quer para Portugal.

Vamos por partes.

 Esta temática foi aquela sobre a qual PSD, CDS e seus comentadores políticos contaram mais mentiras e lançaram inúmeras contradições. Uma vergonha da parte de dois Partidos que nem a Assembleia da República sabem respeitar dado que até desataram aos murros às mesas da “Casa do Povo” só porque se a verdade.

A verdade crua e nua é que Pedro Passos Coelho mentiu aos Portugueses (para não variar, acrescente-se) sobre este assunto. Isto porque está provado que não era necessário criar condições para que os Colégios Privados (aka Colégios Católicos e/ou Cooperativas de Ensino) “crescessem como cogumelos” em muitos Distritos do nosso País, pois se em muitos destes Distritos havia, e há, Escolas Públicas que podem – e devem – receber as crianças, e outros que queiram fazer valer o seu direito ao ensino, não era necessário que o Estado Português celebrasse Contratos de Associação com Colégios. Muito menos era necessário o Executivo Passos/Portas ter colocado um ponto final ao “travão” que impedia o aparecimento de Colégios ao lado de Escolas Públicas.

Para quem não sabe, os tais Contratos de Associação foram criados na década de 80 do século passado para fazer face a um problema que o nosso país herdou do Estado Novo: a falta de uma Rede Pública de Escolas. Isto, porque nos tempos da Ditadura só podia estudar quem era rico. Como tal chegar – se ao século XXI e ter ainda a necessidade de se recorrer aos referidos Contratos é “terceiro mundista”. Ora sendo assim cabia ao Governo de Pedro Passos Coelho/Paulo Portas (como a qualquer outro) a modernização da Escola Pública para que esta chegue onde não existe dado que só desta forma se poderá colocar, de uma vez por todas, um ponto final neste flagelo social.

Porém, pelos vistos a ideologia neo-liberal do “Privado tudo pode e o Mercado tudo dita” aliada À mentira cabal de que o Privado é, de longe, melhor do que o Público falou mais alto. Tudo isto fez com que nos últimos quatro anos se levasse a cabo o ”homicídio lento” do Ensino Público.

Dito de outra forma; está, mais uma vez, demonstrado que para a Direita seremos sempre e para todo o sempre “terceiro mundistas”.

Ainda sobre a temática gostaria de deixar só mais uma breve nota.

Dizer que o Ensino Público é naturalmente mau e que deve ser substituído pelo Ensino Privado subsidiado pelo Estado é algo de criminoso e revela má-fé de quem profere tal coisa. Apostar na melhoria do Ensino Público é uma obrigação (das muitas) que o Estado tem para com todos nós. Tal como sucede nos países da Europa Central e do Norte onde até filhos de Monarcas frequentam a Escola Pública. Mas para certos políticos, cronistas, figuras públicas e comentadores cá do Burgo a Europa do Norte e do Centro só foram um exemplo a seguir durante a vigência do nosso XIX Governo Constitucional.

Share this article
Shareable URL
Prev Post

Uma lição de tango

Next Post

Escolher um curso

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Read next

Esperança

O ano de 2016 não foi propriamente uma simpatia para o Mundo. O medo e a insegurança ganharam terreno e todos se…

Emoções do Advento

Ao Natal (e às festas que se seguem) associo as emoções de esperança e alegria mas também de serenidade e…

Heróis de antigamente

Que saudades destes heróis dos anos idos! Aquilo é que eram homens com h no início e no final. Por mais…