Isto vai acabar mal

Há quem me acuse de ser pessimista e confesso que talvez o seja. Ou melhor, como qualquer ser humano, tenho momentos para tudo. Começo primeiro por reagir às adversidades, depois acabo por me adaptar às mesmas e, com o tempo, acabo por saber conviver com as tais adversidades. Talvez tudo isso possa ser apelidado de pessimismo, contudo, é assim que vivo e tenho pautado uma grande parte da minha vivência. Ora algo que tenho sempre presente nesta minha forma de estar é a de procurar estar sempre um passo à frente sem nunca deixar de olhar para trás, porque, ao contrário do que muitos pensam, a história ensina-nos muita coisa. E talvez isto explique o muito do meu “pessimismo”.

Isto para aqui dizer que a crise do novo coronavírus (Covid-19) não só não vai ensinar absolutamente nada à Humanidade, como me faz crer, cada vez mais, que isto tudo vai acabar mal. Muito mal. Especialmente no nosso ocidente que se orgulha de ser tão civilizado e solidário. Tão humanitário e solidário que começa a ser notícia recorrente o roubo à descarada de material médico uns dos outros… Que o digam França, Alemanha e Espanha, que já viram os seus grandes aliados Estados Unidos da América e Turquia a tomarem de assalto material médico que se encontrava a caminho dos respectivos países.

E que dizer dos Estados Unidos da América? Nação que é para nós ocidentais o maior símbolo de democracia, igualdade, compreensão e desenvolvimento? Na terra das oportunidades, liderada por um louco que é cada vez mais idolatrado pelos seus, a saúde de milhões está em risco, porque simplesmente não têm dinheiro para poderem subscrever um seguro de saúde que lhes possibilite ter acesso a ajuda hospitalar, quando dela precisam. Que rico exemplo de solidariedade e de humanismo esse da maior democracia do Mundo.

Contudo, deixem-se estar que por cá, no Velho Continente, o cenário não é muito melhor.

Para os que pensavam que a Europa tinha aprendido alguma coisa com o Brexit, eis que o tal de Coronavírus veio demonstrar – mais uma vez – que “burros velhos, não apreendem línguas”. E não só não aprendem como ainda insistem em chavões muito populares na extrema direita europeia, que dizem que os países do Sul da Europa são preguiçosos e desleixados e, como tal, são os culpados de tudo o que está a acontecer.

Muturalização de dívidas na União Europeia? Mas por acaso a Alemanha, Áustria e Holanda tem de “sustentar burros à argola”? É que nem pensar! Vamos antes para mais um programa de créditos (entenda-se Troika) que esta malta do Sul da Europa lá se arranja para reembolsar – com juros – o investimento da nobre classe trabalhadora do norte da Europa.

Ainda acha que estou a ser pessimista, quando digo que isto vai acabar mal?

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