Os fenómenos que ocorrem na sociedade têm implicações em todas as dimensões da realidade social, o que quer dizer que são complexos e pluridimensionais. Podem ser analisados de vários pontos de vista, de ângulos distintos, que correspondem às Ciências Sociais. Um fenómeno social, como a moda, que todos entendem, relaciona-se, directamente com a Economia, porque movimenta dinheiro e inclui empresários, a Psicologia, que estuda a motivação que leva a aderir às tendências, a Sociologia, no sentido em que verifica o comportamento da sociedade, a História, pois deixará, para sempre a sua marca e outras mais que trabalham o acontecimento do seu ponto de vista específico.
A Economia analisa, não só, as condições necessárias para a universalização do bem-estar material, como também a pesquisa das causas das crises e dos problemas decorrentes da escassez dos recursos, uma vez que as necessidades são ilimitadas. Esta circunstância leva ao chamado custo de oportunidade, o que significa que é necessário escolher entre várias alternativas. Satisfazendo uma necessidade, as outras acabam por ser sacrificadas. É escolhido o que corresponde ao maior benefício.
As necessidades primárias são as que se tornam indispensáveis para a sobrevivência de um indivíduo, como a alimentação e o vestuário, as secundárias incluem aquilo que é necessário, como a leitura e o lazer e as terciárias estão relacionadas com o supérfluo. Por outro lado, ainda podem ser subdivididas em necessidades individuais e necessidades colectivas. O pessoal e o comum acabam por ter um elo de ligação forte.
O rendimento de um indivíduo, ou de um agregado familiar, corresponde à remuneração que os agentes económicos recebem pelo seu trabalho ou pelo lucro dos seus rendimentos de capital. Este mesmo rendimento influencia o consumo. Ernst Engel enuncia a chamada lei de Engel, que explica que o peso das despesas alimentares, nas despesas de consumo, diminui quando um rendimento aumenta. Vejamos melhor com uma situação concreta. Uma família dispõe de 1000 euros mensais e a primeira preocupação são as necessidades básicas, como a alimentação, sendo que a maior percentagem do coeficiente familiar é despendida deste modo. Se esse rendimento aumentar e passarem a dispor de 1500 euros, este coeficiente irá baixar e outra opção certamente aumentará, como, por exemplo, o montante gasto em lazer ou vestuário.
Vivemos numa sociedade de consumo, que se originou com a revolução industrial, com a produção mecânica e, mais tarde, standarizada. Existe uma enorme quantidade de bens e de serviços que são colocados à disposição dos consumidores e, através das técnicas de marketing bem estruturadas, levam-nos a comprar o necessário e o fútil. O consumo de massas é fruto desta sociedade e tornou-se parametrizado. Não ter o que o vizinho tem é castrador e stressante. Esticam-se orçamentos familiares para se adquirir aquilo que não faz falta, mas que fica bem ao mostrar em sociedade. O consumismo acaba por levar a um consumo sem critério específico, que implica endividamento e degradação do meio ambiente. Para minimizar estes efeitos nefastos, surgem as associações que têm como função a consciencialização desse mesmo consumo. Este movimento tem o nome de consumismo, que tem por objectivo tornar os consumidores menos dependentes e serem racionais nas suas escolhas e no seu consumo.
A sociedade moderna está “viciada” no dinheiro, no poder económico, que leva a assumir comportamentos de risco, como já vimos. No entanto, este dinheiro, este bem, iniciou-se com aquilo que se pode chamar de moeda, ou bem expresso numa unidade de conta que permite estabelecer comparações de valor e é aceite numa sociedade. Se inicialmente se estabeleceu a chamada troca directa, um bem pelo outro, rapidamente se compreendeu a injustiça da situação e surge a troca indirecta, sendo reconhecida por toda a comunidade, a moeda mercadoria. São encontrados inconvenientes, por diversas razões e então, a moeda, a unidade de valor, passa a ser regular. A escolha do ouro e da prata ficaram a dever-se ao facto de serem raros e de fácil transporte, o que não era possível com lingotes, a moeda pesada. Mais tarde foi imperioso aferir as transacções com as moedas, ou seja, serem autenticadas pelas autoridades que garantiam o seu valor, a moeda cunhada. São as moedas de trocos, o divisionamento do valor para os pagamentos de quantidades menores, que mais circulam, feitas de um material diferente, as ligas de cobre e de níquel. Paralelamente, surgem as chamadas notas de banco, a moeda de papel.
Os bancos, actividade muito antiga e que merece um estudo profundo, estabelecidos em Portugal desde há séculos, mesmo antes dos Descobrimentos, quando se deu a sua explosão mais forte, aceitavam depósitos, tal como os conhecemos hoje em dia. O documento comprovativo dessa transacção é o talão de depósito, a moeda representativa. Como era reconhecido e aceite, havia a chamada confiança fiduciária e podia ser reembolsado em moeda metálica, tomando o nome de moeda fiduciária. Para assegurar todas estas actividades, o Estado foi forçado a intervir, instituindo a obrigatoriedade da sua aceitação. A nota do banco torna-se convertível, papel moeda, que é pertença exclusiva dos bancos centrais. No século XIX, com a evolução da revolução industrial, aparece uma nova moeda, a moeda escritural, que é constituída pelos depósitos bancários, ou seja, os saldos credores das contas correntes. Os pagamentos realizam-se apenas mediante a movimentação das contas dos clientes. No entanto, e este é o lado meramente económico da questão, através destas operações a moeda escritural permite aumentar a quantidade de moeda existente na economia, o que significa a criação de moeda pelo sistema bancário.
Posto isto, a ideia da caixa de sapatos, arrumada na prateleira, no banco, com o nome do depositante, é um lirismo poético, uma ingenuidade em que alguns ainda acreditam. Na realidade o que acontece é um processo complexo e muito extenso que culmina no uso regular e vulgar do dinheiro, quer através do bem físico, as moedas e as notas, quer através do dinheiro de plástico, os cartões de débito e de crédito.