Macau deixou de ser portuguesa já há dezasseis anos mas a presença portuguesa continua a ser muito forte neste bocadinho da Ásia, nem que seja pela calçada portuguesa que ainda pavimenta as ruas da cidade. O papel de Macau enquanto encruzilhada de povos é evidente no simbolismo do canhão da fortaleza do Monte apontando para o casino Grand Lisboa, um arranha-céus em forma de flor de lótus, localizado no centro da cidade. Este casino pertence a Stanley Ho que também é dono de casinos em Portugal. O centro histórico é considerado património da humanidade.
Foi nesta cidade que morreu São Francisco Xavier, em 1552 e os seus restos encontram-se guardados na igreja de Nossa Senhora do Carmo.
Macau fica a oeste do rio das pérolas. Era um excelente posto comercial que ligava as regiões de Malaca e Cantão. Em 1535 foi quando aportaram pela primeira vez nesta região para, inicialmente, secarem os produtos que levavam para Portugal. Estes eram a seda, o chá, especiarias, pérolas, marfim, porcelanas, ouro e prata. Em 1583, foi criado o Leal Senado, sede e símbolo de poder e do governo local. José Pereira Coutinho e Leonel Alves são deputados no senado macaense.
O Governo autorizou, em 1901, o Banco Nacional Ultramarino (BNU) a emitir notas com a denominação de patacas (algumas lendas diziam que, nas antigas, as notas cresciam nas árvores como se fossem frutos. Eram conhecidas como as árvores das patacas).
Os tempos são outros e hoje Portugal exporta para Macau mercadorias no valor aproximado de 14 milhões de euros anuais, sendo sobretudo vinhos, produtos alimentares e farmacêuticos, a par de máquinas e equipamentos eléctricos. De Macau, Portugal importa pequenas quantidades de veículos e por vezes pérolas e outras pedras preciosas. Embora Macau represente apenas 0,04% das exportações portuguesas, continua a ser uma região bastante importante, especialmente pelos portugueses e macaenses que se sentem mais ligados a Portugal do que à China. A mão-de-obra é na sua maioria sustentada por imigrantes da China continental ou das Filipinas.
Macau não foi a única zona da China que esteve entregue a um país europeu para ser administrada. Hong Kong, que esteve sob o domínio do império britânico, encontrasse a menos de 60KM desta antiga região portuguesa.
As descobertas portuguesas sempre estiveram ligadas ao comércio mesmo que tenham servido para disseminar a religião cristã e para aproximar os povos que estavam separados pelo vasto oceano. Só que como em todos os locais recém-conquistados, Portugal teve que construir inúmeras fortalezas para defender a região, especialmente dos ataques de outros países europeus. Durante a Segunda Guerra Mundial, deu-se a ocupação oficial de três ilhas pertencentes ao império português para melhor proteger os missionários e os portugueses lá residentes. O Japão acabaria, porém, por ameaçar as tropas portuguesas, que deixaram as ilhas aos nipónicos, vindo a China a recuperar a sua soberania no fim da guerra e a volta-la a entregar aos portugueses devido ao tratado que tinham e que viu o seu término no último dia do ano de 1999. As ilhas encontram-se ligadas ao continente por diversas pontes e estradas.
Desde 20 de Dezembro de 1999, o nome oficial de Macau é “Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China” (RAEM). Após o estabelecimento da RAEM, Macau actua sob os princípios do Governo Popular Central e têm como lema “um país, dois sistemas” ou da “Administração de Macau pela Gente de Macau”. A região goza de um alto Grau de Autonomia, limitado apenas no que se refere às suas relações exteriores e à defesa. Foi também garantido pela RPC a preservação do seu sistema económico-financeiro e das suas especificidades durante pelo menos 50 anos. O sistema jurídico de Macau é baseado essencialmente no modelo do direito português. Desde a passagem de soberania que a comunidade portuguesa encontrasse fora da vida política.
As escolas que seguem o programa português são a Escola Portuguesa de Macau, a Escola Primária Luso-Chinesa da Flora e a Escolas Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga.
Macau foi, a seguir a Goa, a colónia portuguesa de mais longa duração, embora não atingindo os níveis de miscigenação populacional da “Lisboa da índia”. Macau tem mais de meio milhão de habitantes mas apenas 10 mil habitantes falam o português. Foi numa das grutas que Camões escondeu-se para escrever os Lusíadas: “Que não nos falte a força humana, pois mais mundo para descobrir ainda há!”.
Os casinos tornaram-se na actividade mais rentável da região e já ultrapassaram Las Vegas como “a cidade do jogo”.
Inscrição presente na fortaleza do Monte: “Alto! Sentido! Recorda por uns instantes a história linda da nossa pátria. Entra altivo e de cabeça erguida porque és soldado dessa pátria.”