Conotado como sendo para hippies e para quem não tem mais que fazer, o ioga é uma disciplina sobre a qual quase toda a gente opina, com direito a rótulos, mitos e preconceitos.
Nem todos temos que gostar do mesmo. Porém, devemos respeitar e aceitar o ioga como uma disciplina tão válida como tantas outras. Embora, nos tempos que correm, querer a paz no mundo, de facto, parece ser coisa de tolos.
Mas o que é o ioga? Antes de mais, a palavra ioga deriva do sânscrito (língua ancestral da Índia), que significa unir, atar, juntar. Juntar o físico à mente. É uma filosofia de vida, originária da Índia há milhares de anos, que busca o equilíbrio do corpo e da mente, a ampliação da consciência e a união do indivíduo à sua verdadeira natureza e à do universo. Em termos práticos, ioga é uma disciplina ou filosofia que trabalha o corpo e a mente, através de práticas físicas e exercícios de meditação, que se reflecte, para quem está verdadeiramente aberto, no dia-a-dia de quem a pratica.
Ioga não é ginástica. Apesar de haver uma forte componente física na prática, o corpo é apenas uma ferramenta de trabalho interior. Mesmo quando se está a executar as posturas (em sânscrito: ásanas), o objectivo nunca é trabalhar o corpo em si, mas sim usá-lo como um instrumento ou como uma porta de entrada para o mais profundo do nosso ser, mesmo que o corpo esteja numa fantástica invertida acrobática. Em termos físicos, a ideia é sentir a postura e ir até onde o corpo permite… Com o tempo, é natural que vá mais longe. Sentir o alinhamento do corpo, aos poucos, estende-se à postura que cada praticante pode ter na vida. O seu alinhamento para com os seus desafios…
Ser um praticante exemplar das técnicas do ioga não significa ser um bom praticante. Há quem faça uso das técnicas apenas pelos seus benefícios físicos, usando as posturas unicamente como exercício. É uma opção individual. Contudo, isso significa que nem todos os que praticam ioga, ou se sentam numa postura meditativa de olhos fechados, aparentemente a meditar, estejam de facto a trabalhar a sua espiritualidade.
Quem diz que não tem tempo para praticar ioga, é quem mais precisa. Para além de que estar parado é muito diferente de não estar a fazer nada. Há quem esteja parado em grande produtividade e há quem esteja irrequieto a não fazer absolutamente nada.
Mais: o ioga não é uma religião e não exclui ninguém, seja de que religião for. O ioga é, sim, uma filosofia de vida, que nos ensina a viver de forma mais consciente, um caminho que nos ajuda a tomar consciência da nossa dimensão espiritual e a estar em maior sintonia com a vida.
Entendo que se adquire uma maior capacidade de relaxamento e serenidade como consequência da prática de ioga, e não por ser um objectivo. Por isso, desengane-se quem pensa que todos os praticantes de ioga são pessoas muito calmas. Um praticante de ioga é uma pessoa como as outras, de carne e osso, com as suas forças e fraquezas, com emoções, umas vezes mais pacíficas, outras mais agitadas. Um praticante de ioga também faz as coisas em piloto automático e sob stress. Porém, através do ioga pode é estar mais consciente daquilo que sente, gerindo assim as suas emoções de forma mais produtiva.
É verdade que há muitos vegetarianos dentro da comunidade de praticantes de ioga, mas esta deve ser uma opção que vem de dentro e não algo que se faz porque é suposto ou por pressão exterior. Não é obrigatório ser vegetariano para se ser praticante de ioga. Tudo livre e em aberto… Ir atrás do rebanho só porque que é suposto ir não é ioga.
Afinal, praticar ioga é tão simples que acabamos todos pode ser praticantes. Basta praticarmos a consciência do momento presente, vivermos em respeito e harmonia entre o corpo e a mente e contribuirmos para a paz entre todos os seres do mundo.
Inspirar, sentir o ar que entra. Expirar, sentir o ar que sai. Podemos sempre começar por aqui… Fica a sugestão.