Tenho uma vida com muito mais sentido desde que descobri que outras filosofias, correntes ou religiões têm a capacidade de me suportar de uma forma mais robusta do que a religião que me foi imposta, ainda que tenha princípios dignos, que com toda a certeza irei respeitar sempre.
A sabedoria oriental com o seu Zen, um ramo da tradição budista, fascina-me pela inteligência e clareza de tornar o complexo simples. Pela forma apaziguadora com que te ensina que tu és o responsável pela tua felicidade, dependendo dos olhos com que vês o que te rodeia. Pela facilidade com que te explicam a importância do estar presente, a única forma de dominar a ansiedade. Eu tenho transtorno de défice de atenção (TDA) imaginem a importância da filosofia Zen e do foco na minha vida.
O estoicismo, escola filosófica grega, fundada por Zenão no século III a.c. que destaca o total controlo de emoções é uma linha orientadora poderosa. A última fase de três (a imperial romana) tem como os seus principais representantes Epíteto, Sêneca, e Marco Aurélio, imperador romano. Este último apresentou-nos uma obra-prima da sabedoria clássica:
“Poderás levar uma vida sem problemas desde que saibas crescer, pensar e agir continuadamente. Duas características partilhadas pelos Deuses e pelo Homem:
nunca deixar que os outros condicionem o teu crescimento
empregar bondade no pensar e fazer o correto e limitar os teus desejos a isto”
– em Meditações, Marco Aurélio
Baseado nestas duas doutrinas e regressando ao Japão, surge o conceito de IKIGAI que procura explicar o nosso propósito de vida. Inclui quatro qualidades que nos obrigam a fazer uma reflexão silenciosa. Pode levar anos ou minutos, mas quando acontece tornamo-nos pessoas muito mais resistentes. Podemos saber o que nos move desde sempre. Podemos nunca nos ter questionado sobre isso no entanto é imperativo chegar a esta resposta antes do Fim.
Este conceito é a filosofia de vida da ilha japonesa de Okinawa em que há mais centenários por cem mil habitantes do que a média mundial. A ausência de stress, o otimismo, a dieta, o exercício físico, o propósito de vida e as ligações sociais a amigos e família são os fatores determinantes para a explicação desta longevidade. Os habitantes referem também o sentido de inserção numa comunidade como fator primordial para o bem-estar e qualidade de vida.
Estas ferramentas que aqui descrevo de forma tão sucinta são também cultura. Ao longo destes anos, foi despertado o meu sentido crítico para este tipo de doutrinas. Sou grata por todos os escritos que chegaram aos nossos dias e que me permitiram simplificar, limpar, enriquecer a minha bagagem cultural e o meu propósito de vida. Este será sempre o meu caminho
Assim aconteça com todos vocês
