1 temporada
10 episódios
*Atenção: Contém spoilers*
Depois de terminar Dark (ainda não escrevi sobre ela, mas deixem-me absorver tudo o que senti, que lá chegarei) e de ficar de “ressaca de séries estupidamente boas”, optei por um género mais leve em que o objetivo fosse descontrair em frente à TV em vez de roer as minhas magníficas unhas de gel. Assim se iniciou Emily in Paris.
Admito que a escolhi por estar no ranking das mais vistas da Netflix por vários dias consecutivos e, curiosa como sou, resolvi investir nesta (sim, que isto de devorar séries é um sério investimento de tempo).
Emily in Paris foi criada por Darren Star (Sexo e a Cidade) e emitida pela Netflix a 2/10/2020, conta a história de Emily (Lily Collins), uma rapariga nos seus 20 e poucos anos que resolve mudar-se de Chicago para Paris após uma tentadora proposta de trabalho na área do marketing, na Savoir. Para os mais distraídos, Lily Collins estreou-se em 2009 ao lado de Sandra Bullock em Um Sonho Possível, foi a protagonista Clary Fray em Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos e interpretou Branca de Neve em Espelho, Espelho Meu. E, se pelo apelido ainda não adivinharam, a rapariga dos olhos brilhantes e sobrancelhas carregadas é filha do mítico Phil Collins.
O primeiro contacto que temos com a série é num registo cómico, através do facto de Emily mudar-se para Paris sem saber falar Francês, uma vez que quem se tinha preparado para aceitar o trabalho era Madeleine Wheler (Kate Walsh), a chefe de Emily em Chicago, que se vê obrigada a recusar a oferta após descobrir que está grávida. Entusiasmada e certa de que seria uma excelente oportunidade profissional, Emily decide aceitar a proposta, mesmo sem falar a língua e deixando para trás o namorado de longa data.
Apesar dos episódios terem um seguimento dentro da vida pessoal de Emily, a história não precisa obrigatoriamente de um timeline para que o telespectador perceba a sua cadência.
O choque cultural é das primeiras impressões que Emily in Paris faz transparecer, na sua maioria clichês da cultura francesa, que, segundo a crítica, foram mal-aceites pelos franceses. É o chamado: “ou se adora ou se detesta”.
Os percalços da adaptação de Emily a um novo país contrastam com o facto de a trama representar o seu povo como pouco tolerante e preguiçoso e dar uma visão de Paris que em nada corresponde à realidade. “Os franceses são descritos como arrogantes e mesquinhos quando, na verdade, esta jovem americana chega a pensar que lhes vai ensinar como funciona a vida”, descreve o The Hollywood Reporter. “Entre a boina, os vestidos de alta costura e a belíssima arquitetura, os parisienses tiveram dificuldades em reconhecer aquele que, segundo a série, é um retrato do seu quotidiano”, lê-se na francesa RTL.
Emily tenta adaptar-se aos novos costumes e colegas, falhando, quase sempre, no entanto, sem nunca desistir, deixar de sorrir ou fazer valer a sua opinião. É essa mesma opinião que a sua chefe francesa Sylvie (Philippine Leroy-Baulieu) tenta calar. As ideias de Emily, inovadoras e direcionadas para as redes sociais, parecem chocar de frente com os conceitos conservadores de Sylvie.
Depois de instalada e ainda a tentar encaixar-se numa desconhecida realidade, Emily aguarda, ansiosa, a visita do namorado. Contudo, este não parece muito empenhado em conhecer a cidade do amor sabendo que ficará sozinho enquanto Emily está a trabalhar. Ao pedir-lhe para voltar para Chicago dizendo que o lugar dela é lá, Emily sente-se furiosa, acabando por ficar solteira na cidade mais romântica do mundo (mais um clichê, claro está!).
Já aqui tínhamos conhecido Gabriel (Lucas Bravo), o atraente vizinho de Emily, Chef e o seu interesse amoroso, e Mindy Chen (Ashley Park), babysitter e a primeira amiga de Emily em Paris.
Ao longo da série, Emily vai-se adaptando à cultura francesa e conseguindo, aos poucos, que as suas ideias sejam aceites na Savoir, pois de uma forma ou de outra, acaba sempre por salvar negócios ou angariar clientes novos. Também as suas redes sociais estão em expansão, e se no início da série conta com poucos seguidores, eles vão aumentando exponencialmente através das fotos e vídeos que Emily publica com a ashtag “emilyinparis”, acabando por ter uma valiosa importância na sua afirmação profissional.
Claro está que, não falássemos nós de uma série que se passa em Paris, não poderia faltar uma boa história de amor (eu sei, eu sei, mais um!). Emily interessa-se por Gabriel e pensa ser recíproco, até que se encontra à porta do seu apartamento com Camille (Camille Rezet). Camille já se tinha cruzado com Emily naquela rua, ajudando-a a comprar flores. Achando estranho encontrar a mesma pessoa na mesma rua em ocasiões diferentes, Emily acaba por ficar destroçada quando percebe que Camille é a namorada de Gabriel.
A partir daqui forma-se um pseudo-triângulo amoroso, uma vez que Emily e Gabriel sabem a atração que sentem um pelo outro, embora Camille não suspeite de nada e considere Emily sua amiga. O telespectador acompanha a vida profissional de Emily, enquanto torce para que ela fique com Gabriel.
A série conta ainda com mais um núcleo cómico (ainda que toda ela seja nesse registo) através dos atores Samuel Arnold que interpreta Julien, um colega de trabalho de Emily, moderno e dramático, e Bruno Gouerny que representa Luc.
É uma série leve, descontraída e moderna que nos segura pela mão e nos leva ao mundo da moda, das redes sociais, dos likes e dos seguidores, mas num contexto muito divertido e natural. Já existe acordo para a segunda temporada, embora ainda não se conheça nenhuma data de estreia oficial. É aguardar por novas peripécias da #emilyinparis.
Personagem favorita: Poderia dizer que era a Emily, seria expectável e também verdade, todavia não me consigo decidir entre ela e Luc. A sua figura desgrenhada e descontraída, aliada aos seus comentários pouco “católicos” colocam-no numa boa posição no meu ranking, e também, por ter sido ele quem mais ajudou Emily nos primeiros tempos em Paris. É um depravado fofo.
Episódio favorito: 10 — “Cancelar a alta-costura”: Quando uma série me prende a atenção e a considero bem escrita e interpretada, normalmente prefiro o último episódio por ser o desfecho das pontas soltas e o início de outras. Neste episódio acontecem ambas, o que deixa o telespectador aconchegado na resolução das situações pendentes, mas com aquela amostra de eventos novos que nos sugerem que terá continuação.