A terapêutica do café

Café, café, café… Símbolo do despertar e da energia. Metáfora perfeita para inícios e prolongamentos dos dias. O topo depois de um belíssimo jantar.

Há quem dele prescinda e há quem dele o faça ritual. Arrisco a afirmar que ele, quente, aromático e cremoso, é indispensável e característico dos nossos passos e só quem realmente gosta de café e se viu por outras paragens onde é inexistente, sabe a falta que faz.

Talvez seja a sua singularidade que o nomeie a segunda bebida mais consumida do mundo após a água. Quem sabe não se tenha tornado hábito por ser um excelente desbloqueador de conversas, mesmo quando servido em dose mínima e passível de ser bebido em só um trago.

Tem sido polémico nos seus benefícios. Há quem apele o quanto é saudável, mas também quem reclame o quanto traz consigo malefícios. E já há quem se confunda como e se é possível torná-lo hábito do dia-a-dia.

O café traz benefícios, muitos, para a saúde. No entanto, a sábia frase confirma a medida que se requer para tudo: desde que seja em equilíbrio. Quanto mais biológico, puro, caseiro (entenda-se, de filtro ou saco, de forma a evitar contaminações de alumínios e outras substâncias prejudiciais), sem açúcar (diz, quem consegue, que com tempo se vai lá) e com quantidade limitada (2 a 3 xícaras por dia), o café só nos trará garantias.

Nas doses certas e quase que num gesto gourmet e só nosso, o café garante proteção das nossas células, evita tumores, demência, fadiga, potencia a energia e facilita a digestão, entre muitas outras coisinhas boas que o tornam companheiro da alimentação saudável. Se a ele juntarmos canela, por exemplo, os benefícios e o sabor alteram-se em amena explosão de vitalidade.

Há que referir que as suas qualidades têm um lado mais negro e, quando em excesso, dão-nos o que poderia ser bom, mas no seu oposto: dependência, tremores, arritmias, problemas de estômago, entre tantas outras contraindicações que justificam meditarmos nos porquês de o utilizarmos como escape em vez de um momento de bem-estar.

Para mim, o café é parte integrante de todos os dias. Já o bebi em demasia, quando o stress de trabalho ou de espera se materializava em quinhentas bicas e já o bebi em alegres e contagiantes companhias. Tenho muitas recordações que envolvem café e já o provei de muitíssimas formas: abatanados, bica, cappuccino, garoto e em deliciosas receitas de cozinha.

Sem café, torno-me maldisposta, porque sou pessoa de rituais e ele faz parte deles. Mas aprendi a saboreá-lo e já percebi que temos de o ter em certa conta. Sem falar que o seu aroma invadia a minha casa todas as manhãs, relembrando que na minha infância, a chaleira reinava, soberana, anunciando sempre novos dias.

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