“Portugal está em crise” é a frase mais ouvida e escrita nos últimos tempos. Diariamente, as pequenas e médias empresas são as principais protagonistas dos noticiários, que relatam histórias de encerramento e falência, devido ao estrangulamento financeiro que hoje é vivido. O panorama é negro e não incita ao investimento. Contudo, existem ainda sectores de actividade que fogem à regra, como é o caso do turismo.
Cálculos do World Travel and Tourism Council (WTTC) indicam que, em 2011, o turismo português contribuiu com 9,2 mil milhões de euros para o produto interno bruto (PIB), que o número das visitas de turistas e que o dinheiro gerado por estas superou os melhores anos do país, neste sector. Quanto aos índices de competitividade, no que respeita a performance turística, Portugal, face aos países concorrentes, posiciona-se no top 20 dos destinos mais competitivos do mundo para a atracção de investimento. Entre 42 países europeus, Portugal é o 13º, o que, mais do que reflecte, sublinha a importância que esta actividade tem para a economia portuguesa, bem como todo o seu potencial de crescimento.
Da perspectiva dos turistas, em 2012, a GfK Metris realizou um estudo com vista a avaliar a satisfação de turistas oriundos de Espanha, Reino Unido, Alemanha, França, Holanda, Irlanda e Brasil. 89% dos turistas ficaram muito satisfeitos com o nosso país e 85% revelou vontade de regressar nos próximos 3 anos. Na maioria dos casos (55%), Portugal foi escolhido enquanto destino turístico pelo clima e paisagem, sendo que 34% referiu que as férias superaram largamente as suas expectativas.
Entre cálculos do PIB, índices de competitividade e estudos de perspectivas dos turistas, conclui-se que Portugal possui todos os ingredientes fundamentais para uma receita de sucesso. É país de gente hospitaleira, temperaturas amenas, paisagens tanto de campo, como de mar, de norte a sul do país. Investir no turismo é potencializar todas as outras áreas económicas que com ele se relacionam, como a hotelaria, a gastronomia tradicional, actividades de carácter cultural e de lazer, entre outras.
Porém, o desejo de fechar as portas à crise, faz com que muitas vezes os meios utilizados para atingir este fim não sejam os melhores e que tenham um impacto pouco positivo no meio ambiente. Vivemos numa era tecnológica onde a nossa evolução parece ter que passar, obrigatoriamente, por vias informáticas e computorizadas, consideravelmente poluentes e com um impacto ambiental negativo. Contudo, ao contrário da tendência, o turismo tem-se sabido reinventar numa componente mais ecológica. A nossa existência tem que deixar pegadas verdes e, assim, terá que ser o futuro do turismo: sustentável. Utilizar os recursos naturais disponíveis e converte-los num negócio rentável para os investidores, económico para os consumidores, sejam eles estrangeiros ou cidadãos portugueses.
Destes conceitos que têm por base a ecologia e a sustentabilidade, têm surgido alguns projectos inovadores, que não só respeitam a nossa coexistência entre o ser humano e o planeta Terra, como a potencializam. Um dos exemplos é o Grekking, que se está a instalar em Portugal. Esta marca, que deriva da fusão de Green (verde) e do Trekking (caminhada), pretende promover pacotes turísticos que incluem trajectos na natureza, actividades, como participar em vindimas, visitas a pontos históricos de interesse, ou “geocoaching”, uma espécie de passatempo onde se utilizam aparelhos de navegação por satélite (GPS), com vista a encontrarem-se objectos, ou pessoas perdidas.
Outro grande exemplo de sucesso, é o Zmar Eco Campo Resort & Spa. Este conceito de campismo ecológico desenvolve o seu negócio com base numa política ambiental, que engloba acções desde a gestão dos consumos de água, energéticos e de resíduos. Os visitantes vêem-se incluídos neste processo e são atraídos, porque cada vez mais começa a existir uma consciência e respeito ambiental e, apesar do Zmar ser um conceito de campismo mais aprimorado que o clássico e que nos é familiar, os preços nem por isso são fora do normal. Acumula já 8 prémios, tanto a nível nacional, como internacional, e com eles tem também ganho cada vez mais turistas, que prometem sempre voltar.
Estas são algumas das novas vertentes turísticas, exemplos emergentes de conduta e de um crescimento económico responsável, que reforçam a existência de meios que, efectivamente, justificam os fins e que são de sucesso. O crescimento do negócio tem por base a responsabilidade social e é sob ela que se constrói uma empresa amiga do ambiente, ainda assim lucrativa e, acima de tudo, demonstra que Portugal dá cartas na área do turismo e tem futuro para muito mais.
“A New York Times colocou Lisboa em 2º lugar na lista de destinos a visitar em 2008″