One Piece

Cada vez mais, nos dias que correm, a cultura oriental é mais conhecida no Ocidente. Assim como acontece vice-versa. Há tempos falei-vos do impacto que os Digimon e Pokémon trouxeram para a nossa sociedade, e marcaram a nossa infância. Outro fenómeno mediático da animação japonesa que está a ser um sucesso em todo o mundo é: One Piece.

Em 1994, quando Eiichiro Oda, criador de manga, publicou o primeiro volume da sua história, estava longe de imaginar o sucesso que iria alcançar. Inspirado pelas suas paixões de westerns, espadachins lendários e vikings, decidiu criar uma narrativa sobre piratas. Surgiu “One Piece”, que durante este ano celebra 20 anos de exibição na televisão. A história ainda está longe de acabar, segundo Oda espera-se mais 6 anos de publicações. Esta é a manga mais vendida do Japão, e conseguiu superar as séries de “Dragon Ball” e “Naruto”. Mas perde a batalha para o “Super-Homem” e “Batman”. Contudo prevalece o primeiro lugar para a série mais vendida assinada apenas por um autor. Foram já vendidas 440 milhões de cópias em todo o mundo. Mas afinal qual é o segredo para a sua durabilidade e o seu sucesso extraordinário?

No centro da história, temos uma personagem distraída, divertida e com uma infantilidade genuína típica dos heróis shonen. Monkey D. Luffy tem o sonho de tornar-se o próximo rei dos piratas. Com um barco a remo, parte sozinho para os confins do mar leste azul, para encontrar o famoso tesouro de One Piece. Seguimos a jornada deste jovem aventureiro com um chapéu de palha, na conquista de companheiros para a sua equipa de piratas. Devido à sua personalidade fácil e confiável consegue tornar-se capitão de um grupo de desnorteados, mas cada um com a sua função e destino: Zoro é um forte espadachim; Nami é a navegadora; Usopp o melhor atirador; Sanji o cozinheiro; Chopper é médico; Robin é a arqueóloga; Franky é o carpinteiro e Broke o músico. Após quase 1000 episódios da série animada, ainda há muito para descobrir e batalhas por acontecer.

O que torna a narrativa de “One Piece” tão rica e única é a sua criatividade. Oda planeou muito bem a sua história de forma a ter uma lógica coerente. Criou um mundo dividido por quatro mares e várias ilhas. A descoberta de um novo mundo pode ser desafiante, mas Oda nunca quebrou as próprias regras que criou. Outra particularidade é que não existem lugares iguais. Por cada ilha por onde viajam os protagonistas, cada uma tem a sua particularidade distinta. Existe uma ilha voadora, outra feita de doces, uma onde os brinquedos ganham vida e uma que mais parece um deserto, um mundo infinito de possibilidades. Tal possibilita fantásticas paisagens e muitos segredos por desvendar. A nível gráfico a animação tem evoluído e além das cores mais intensas é possível criar cenários distintos e muito criativos.

Apesar dos muitos desafios na jornada, o grupo dos chapéus de palha não abandonam o sorriso da cara.

O background das personagens é bastante aprofundado. Factor positivo, pois devido à história complexa, consegue cativar a audiência. O protagonismo não é só concentrado num elemento. Muito pelo contrário, todo o universo de One Piece é importante. Além disso mostra grandes laços de companheirismo, trabalho de equipa, justiça, esforço e dedicação para alcançar os objectivos. Na verdade ao longo dos inúmeros episódios transmitidos, os protagonistas, seguem a mesma única missão desde o início. Luffy e companhia já salvaram aldeias, resgataram prisioneiros (bons), começaram revoluções, foram capturados (várias vezes), mas apesar disso tudo, a missão é a mesma: encontrar One Piece. Cada batalha e aliança, aproxima-os mais desse destino.

As batalhas são inesquecíveis e propõem vários momentos épicos. Oda oferece criatividade e inteligência para as batalhas mais importantes.  Não há uma boa história sem um bom vilão. Em One Piece não faltam personagens maldosas. Seria de esperar que o bando dos chapéus de palha, como piratas, seriam os maus da fita, mas aqui a narrativa reverte-se também existem generais da Marinha que são maliciosos. Contudo as suas histórias são memoráveis. Cada personagem deixa a sua marca. Histórias emocionantes, que não deixa ninguém indiferente. Além do passado dos protagonistas que apresenta um grande nível emocional como a história de vida de Robin, ou quem não chorou quando Broke toca e canta a música “Bink’s Sake”? Mas além disso momentos de felicidade também nos faz deixar cair uma lágrima.  “One Piece” tem estas mudanças de  sentimentos. A cara do protagonista principal, é o selo de boas-vindas para esta saga. Luffy apresenta um sorriso bem rasgado e um humor infantil que facilmente nos rimos com as cenas onde aparece. O público deixa-se contagiar por esta boa disposição, mesmo quando retrata temas como escravidão, genocídio e ditadura. One Piece  tem esta particularidade de levantar o ânimo, explicando que nada está verdadeiramente perdido. Em One Piece a história é contínua. E ações que aconteceram no passado, podem facilmente ter influência no futuro. Oda pensou bem no destino de cada uma das personagens criadas por si.

Além da manga ainda estar em lançamento, o anime com exibição na televisão, e dos vários produtos de merchandising existentes, este anime ainda tem um museu próprio em Tóquio. Em Portugal já começa a dar o primeiros sinais de vida, além da animação dobrada para português, o novo filme lançado este ano que celebra os 20 anos da saga vai ser exibido nos cinemas portugueses. Esta é a primeira vez. A criação de teorias é dos passatempos favoritos dos fãs, neste caso One Piece é possível criar várias. A narrativa já vai longa e ainda falta desmistificar vários segredos, mas a curiosidade aumenta sobre como vai terminar. Mas enquanto isso vamos aproveitando enquanto dura esta fantástica história. Enquanto a manga bate recordes, One Piece vai ser sempre lembrada como das animações mais rentáveis da História.

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