A primeira (e única) vez que viajei fora da Europa tinha eu 16 anos. Rumei à República Dominicana, à região de Punta Cana, que corresponde ao extremo leste, banhada pelo Mar do Caribe e pelo Oceano Atlântico. É a jóia da República Dominicana. Absorve metade dos turistas que escolhem o país para turismo. Os dias tranquilos nas praias de água cristalina e areia fina e as noites agitadas de cocktails e música são a simbiose perfeita para os que lá aterram.
Acredito, no entanto, que não é só pelas praias paradisíacas que os turistas se maravilham. Falo por experiência própria. O que me apaixonou, verdadeiramente, foram as pessoas. Sim, porque por detrás de uma área luxuosa de resorts all-inclusive, com todo o primor de instalações e acomodações, há todo um staff que é admiravelmente encantador, bem-disposto, disponível e atencioso.
Ao reviver estas memórias, recordo-me alegremente das crianças da capital Santo Domingo. Em dia de passeio turístico, os mais pequenos corriam atrás de nós, que íamos transportados nas carrinhas, de sorrisos rasgados, em busca de alguma coisa. E lançávamos-lhes rebuçados. E eles seguiam, felizes.
E porque um pouco de história é sempre um valor acrescentado, a capital de Santo Domingo foi fundada por Bartolomeu Colombo, irmão mais novo de Cristóvão Colombo e em 1966, a constituição da República Dominicana registra o nome da capital do país como Santo Domingo de Guzmán. O topónimo foi aportuguesado “São Domingos”, uma referência ao frade e santo católico fundador da Ordem dos Pregadores, Domingos de Gusmão. Quem por lá passa pode também presenciar a Catedral de Santa María la Menor, que encerra o túmulo onde Cristóvão Colombo foi sepultado antes de ser transladado para a Catedral de Sevilha. A sua construção foi realizada nas décadas de 20 e 30 do século XVI, misturando os estilos gótico e plateresco.
Regressando aos encantos de Punta Cana, ao acordar, era presenteada por um bafo morno que me preenchia os pulmões. Durante a minha semana de estadia, os dias começavam na deslumbrante Praia de Macau, ou Playa Macao. Quando o sol já enchia, houve percursos espantosos que descobri. Falo, por exemplo, das lagoas azuis da Reserva Ecológica Ojos Indígenas. Mas parte do meu encanto em muito se deveu à descoberta das maravilhas do recife e da vida marinha. Fiz um cruzeiro fantástico com muita dança merengue, Património Cultural Imaterial da Humanidade em 2016, e disposição à mistura. Nessa tarde, tive a oportunidade única de fazer snorkel, uma prática desportiva de mergulho em águas rasas com o objetivo de recreação, relaxamento e lazer, numa área conhecida por raias e tubarões.
Outra pequena maravilha que vivenciei foi andar de cavalo, à chuva. A chuva tépida caiu sem aviso. É um ritual assíduo e imprevisível, que se pode repetir ao longo do dia, por curtos minutos. E foi o toque final perfeito para aquela aventura. Os senhores responsáveis pelo passeio puxavam os cavalos para lhes indicar a rota, descalços, em terrenos perigosíssimos. Um misto de receio e exaltação!
Dez anos depois ainda não consegui revisitar este encanto que é Punta Cana, mas não pretendo aguardar outra década. Tenho mais rebuçados para oferecer.