Quando uma luz brilha, todas as outras brilham. Se uma luz se acende, pode acender todas as outras.
Luz que somos nós, que caminhamos por aqui em demandas e lutas, mas que não podemos nem devemos perder a capacidade de sentir e de querer, de sonhar, de lutar pelo que é o melhor para nós.
Traçamos caminhos a cada dia que passa. Sonhos e projectos se erguem à medida que programamos cada caminhada. Conhecemos-nos através de cada trilha que queremos percorrer, de cada meta que queremos almejar. Por entre obstáculos, a fibra de cada um de nós é testada.
É quase ciência que há sempre algumas luzes que estão meio apagadas. Que nos questionam e ao que fazemos, que nos ferem, que nos provocam. Colocam-nos em causa e ao que queremos alcançar, especialmente quando o caminho não é corriqueiro.
Não perceberam que a luz de cada um é única e que é na soma de cada individualidade que tudo brilha em esplendor. Todos, sem excepção, em algum momento caminhámos apagados. Com e sem consciência. Estimulando os outros.
Aprendi que a provocação é incentivo. Se questiona o que por nós é feito está, de alguma forma, a fazer-nos mergulhar por dentro, no quanto acreditamos em nós, no que queremos alcançar. Que a cópia ou gozo das capacidades dos outros, convidam a uma certa força interior de quem é questionado, a uma calma precisa para chegarmos onde temos de chegar.
Na verdade, todas as luzes que estão por acender vão acabar por fazê-lo. Porque é a natureza das luzes. Nasceram para brilhar, para iluminar, para guiar. Só não sabem ainda que têm essa enorme capacidade. Que ao olharem a luz do outro estão a esquecer-se da sua. E está tudo bem. É assim mesmo que acontece.
Outras vezes, a luz pode estar bem acesa. Brilhante, grandiosa, inextinguível. E por um sopro mais forte, deixamos que se apague. Avançamos, confusos e à cautela, já não sabemos nos guiar de candeia apagada, queremos voltar a ter luz que nos traz conforto, clareza, calma.
Não faz mal, volta e meia, andarmos por aí às escuras. É parte do processo. O brilho regressa muito mais facilmente do que se pensa, basta avançar, acreditar, perceber que, muitas vezes, sem andarmos às escuras não percebemos o nosso próprio valor e do nosso propósito.
Não há sonhos que se cumpram sem questionamento, não há conhecimento que se adquira sem percebermos quem somos, não há fé nem garra nem força que persista se não formos obrigados a entender que existe, sim, leveza em sermos quem somos. Entre semelhanças e diferenças.
Quando brilhamos, todos os outros brilham. Se formos nós próprios, sem receio, inspiramos e deixamos que os outros nos ensinem. Fazemos tudo o que é suposto e tudo, afinal, faz sentido.