Construir amigos

Construí amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos… bati na porta da vida e disse-lhe: Não tenho medo de vivê-la.

– Augusto Cury

A vida não teria qualquer interesse, se tudo fosse como habitualmente se costuma dizer: um mar de rosas. Até porque as próprias rosas, como sabemos, apesar de serem belas e aromáticas, têm espinhos capazes de nos fazer sangrar, se não tivermos cuidado quando as seguramos, mas nem por isso deixam de ser rosas!

E a beleza da nossa vida reside justamente na forma como convivemos com os espinhos das rosas que encontramos pelas veredas que percorremos, sem deixar de apreciar e valorizar a sua beleza e aroma.

Gosto de pensar nesta analogia das rosas, quando observo os obstáculos que se vão erguendo na minha vida, aprendendo a relativizar cada problema, até que ele se transforme apenas e só, em mais uma etapa superada do caminho a palmilhar. No fundo, é disto que se trata, a nossa vida é feita de etapas, todas para ultrapassar. Algumas destas fases são felizes e mais fáceis de superar, outras há que nem por isso, sendo a vida uma passagem, em que todos nos cruzamos num ou noutro momento, numa qualquer encruzilhada, desta aventura a que habitualmente designam por vida.

Lamento por todas as pessoas que fazem o mal de forma gratuita, sem olhar a quem nem às eventuais consequências que dai possam advir. Falo especificamente de seres dissimulados, falsos e hipócritas que aparentemente são muito boas pessoas, inofensivas até, eu diria. Contudo, no fundo são seres altamente malignos, que atingem o seu êxtase através do prejuízo que causam aos outros, que eventualmente podem perturbar o seu caminho, e desequilibrar o seu percurso, somos pois, nas mãos desta gente um alvo a abater.

Em consequência destas etapas da minha vida, queimou-se em mim a esperança no ser humano e o acreditar que as pessoas podem ser amigas umas das outras, assim simplesmente, sem qualquer interesse. Morreu em mim a ingenuidade da alma que acredita no outro e que genuinamente confia nas palavras que lhe são dirigidas, este é um mundo carregado de malfeitores do oportunismo, que pensam apenas em si. O que desejo a quem me fez tanto mal? Nada em especial. Apenas que sejam felizes.

Pobres os que acham que estão agora muito bem profissional ou pessoalmente e se esquecem que apenas lá estão porque usaram recursos pouco dignos e expedientes pouco justos, para chegar aos seus intentos. Já diz o povo que, quando subimos os degraus da vida, devemos sempre olhar para os lados e cumprimentar quem encontramos à passagem, porque em qualquer momento no futuro, poderemos ter que descer e será mais fácil que nos ajudem se nos conhecerem!

Certo é que os diferentes momentos pelos quais vamos passando nem sempre permitem que consigamos desfrutar do que a vida tem de melhor e pior do que isso, é que parece mesmo que existem pessoas que nasceram para nos atormentar a existência. O truque está, penso eu, justamente em despistar do nosso percurso, aqueles que não acrescentam valor, nem adicionam magia aos dias da nossa vida. Quero junto de mim apenas aqueles que me querem bem.

Egoísta? Sim, provavelmente, mas ninguém zelará melhor por mim e pelas minhas escolhas do que eu própria, nem ninguém as poderá assumir melhor do que eu. Toda a vida é feita de escolhas e as consequências destas somos nós que as avocamos e eu já não tenho perfil nem competências para poder assumir aquilo que não vale a pena para mim.

Aguardo da vida a retribuição natural do universo, não sou por natureza uma pessoa amargurada, porque aprendi a relativizar os acontecimentos, a idade amadurece-nos também o estado de espírito e aprendemos a valorizar apenas o que nos faz mais felizes. Apreciar a brisa do vento que nos acaricia o rosto, o cheiro do mar salgado que apesar da violência da rebentação das suas ondas, nos oferece a tranquilidade de espírito necessária para que consigamos analisar os acontecimentos da nossa vida.

Lia no outro dia que não nos devemos reter onde não somos felizes, já estou nessa fase da minha vida.

Quero para mim apenas o que me faz bem, o mundo e a maldade dos homens não se compadece da minha existência. Logo, tenho que ser eu própria a blindar-me, e a criar as minhas defesas de modo a permitir que quem está por perto seja apenas quem me quer bem.

E termino esta minha reflexão com uma citação de Artur da Távola  que espelha justamente o que sinto:

A alma dos diferentes é feita de uma luz além.

Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender.

Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente.

A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois.

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