Segundo consta, James Dashner, autor dos livros Maze Runner, encontrou-se intensamente nos bastidores das respectivas adaptações cinematográficas para “controlar” qualquer tipo de liberdade criativa que possa diferenciar os filmes das suas criações literárias. Contudo, a questão é, será isso cinema? Impedir a liberdade deste formato? Ou, o cinema é singelamente uma reprodução, uma atitude copista para os valores comerciais? A resposta é claramente que todo este processo de “criação” é, sob um jeito poético, uma morte cinematográfica. Sem liberdade não pode existir cinema e o cinema não pode existir sem a liberdade da sua forma. Por isso, antes de mais, devo salientar que a sequela Maze Runner é tudo menos cinema, é um produto para saciar a “fome” dos leitores do livro, uma prolongação desse fascínio em contraste com os próprios contornos fílmicos.

Maze Runner é um fruto de uma tendência literária do momento, as distopias juvenis ditadas por elementos primórdios de uma Huxley ou Orwell, mas, neste caso, sem uma atitude crítica político-social, ao invés disso, temos uma sucessão de sequências de acção com um único propósito: impedir os “maus” de triunfarem. Neste sentido, os protagonistas correm (tal como indica o título) para lugar algum, tropeçando na narrativa que nunca instala a sua sobriedade, nem a preocupação em formar personagens realmente sólidas para a intriga. Nada disso, o que vemos em todo este cenário pós-apocalíptico sem “palpabilidade” é um amontoado de referências emprestadas em consolidação com os tiques de moda do cinema ditamente adolescente. Se certa forma, Maze Runner poderia muito bem comportar como uma sátira aos videojogos, o primeiro filme teve o mérito de involuntariamente seguir nesse registo, no caso deste The Scorch Trials o cuidado desleixado em nunca conseguir encontrar um sentido para toda esta correria é a sua maior “homenagem“.
Porém, até mesmo dentro da chamada distopia futurista juvenil, já havíamos deparado com exemplares mais fascinantes, o caso de The Hunger Games, por exemplo, que encontrou em todo aquele cenário um vínculo de provocação social e politica. No entanto, no caso de Maze Runner, a dita crítica é isente, não existe aqui nada de pessoal, nem gloriosamente provocante, apenas cinema “pastilha elástica“, de consumismo fácil e de esquecimento perdurado logo após o final dos créditos. Outro factor que poderá prejudicar toda esta experiência é a sua previsibilidade, The Scorch Trials é um filme tão calculável que até cansa, e a juntar a isso, uma duração tão longa que o final (um cliffhanger que promete mais sequelas) parece eternidade. Voltando ao ponto de partida, isto não é cinema, é produto de produção e consumo fácil.
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