Será que perdemos demasiado tempo no “Era uma vez” e nos esquecemos de viver “Na nossa vez”? Será que criar uma utopia nos impede de fazer (conscientemente) a nossa própria história? Levanta-se a questão.
Todos os dias, constantemente, os nossos sentidos são despertados por inúmeros estímulos e muitos deles, meticulosamente bem delineados, servem exactamente para nos influenciarem de determinada forma. É difícil sermos reis e senhores dos nossos pensamentos sem sofrer a influência de terceiros, sendo que as histórias, muitas vezes, acabam por nos moldar pensamentos e por nos indicar determinado caminho. As histórias e a história. O bom senso e o “exemplo”.
No mundo do Marketing e da Publicidade, onde tudo é pensando ao pormenor, não se julgue, por exemplo, que nos identificamos com determinado anúncio ao acaso. Uma história bem contada tem a capacidade de nos transportar para uma outra realidade. Quem é que nunca chorou com um anúncio que nos sensibiliza? Quem é que nunca riu até doer a barriga e faltar o ar com determinada situação? Ora aí está. Quanto mais nos identificarmos com determinado produto, quanto mais confiança tivermos em determinado serviço e quanto mais vontade possuirmos de experienciar determinadas vivências, certamente, mais relações duradoras teremos ao longo da vida. Através de uma história, conseguimos envolver emocionalmente o consumidor/espectador e não há melhor forma de criar empatia.
Porém, como é que as histórias têm o poder de nos moldar o pensamento e a atitude? Simples. Criam em nós a vontade de “querer ser” e de “conseguir fazer”. Todos nós temos ideais e ídolos, alguém que nos inspira apenas e só por ser como é. Eu acredito e sei que existem pessoas com a capacidade de mudar o mundo. Destruir crenças mal formadas e ideais ultrapassados. Pura e simplesmente por conviverem neste pequeno mundo em que nos encontramos. Longe de serem pessoas perfeitas, até porque tal não existe.
A Tendência Identites Narrated, identificada pelo Centro de Estudos de Tendências, refere e identifica a necessidade de relembrar o passado e a importância de nos rodearmos de imagens, símbolos e histórias que se refiram e se liguem ao nosso imaginário. Relata também que esta tendência tem as suas origens nas nossas memórias de infância e na nossa memória colectiva, pois são a base da cultura em que vivemos e que nos ajuda a definir a nossa identidade cultural. No entanto, diz-nos também que para chamar a nossa atenção essas mesmas imagens devem contar-nos uma história na qual nos consigamos rever e identificar, através das suas personagens.
Podemos dizer que cada pessoa é produto das suas experiências, da educação e, acima de tudo, da sua personalidade. No entanto, as pessoas têm “pontos em comum” que nos permitem encaixa-las em determinados parâmetros e agir de determinada forma mediante determinado público. É por isso que existem histórias que inspiram milhares de pessoas, independentemente da idade que tenham e do continente que habitem. Por vezes, o mais importante nem é a história em si, mas a forma como essa história nos faz sentir. São os sentimentos que movem as pessoas e é por isso que é tão importante conseguir envolve-las nesses sentimentos.
Criar laços de amizade que duram “para sempre” é apenas um exemplo da magia que transportámos para a vida real inspirados nos desenhos animados da Disney que crescemos a ver. Uma prova de que as histórias, algumas pelo menos, têm o poder de perdurar no tempo e continuar a influenciar gerações.