Sobre o que não se entende

Devia ser proibido um pai/mãe conhecer a morte do seu filho.

Por muito que se possa considerar ou até mesmo afirmar, que se entende esta imensa dor associada a tamanha perda, não acredito que de facto alguém a consiga sentir, a menos que tenha passado por uma situação semelhante.

Uma destas semanas foi particularmente ingrata por ter tido conhecimento de duas situações trágicas, quase simultâneas, ainda que em circunstâncias bem distintas e geograficamente afastados os acontecimentos.

Eram, contudo, uns meninos que partiram prematuramente, 17 e 18 anos, demasiado novos para abandonar este mundo.

Uma dor gigante de certeza a que assola o coração daquelas famílias, que não tiveram oportunidade de ver os seus meninos transformar-se em mulher e homem respetivamente.

Pessoa de fé que sou, tenho, confesso, alguma (muita) dificuldade em perceber por que razão estas coisas acontecem. São apenas crianças a quem foi apontada uma vida, quem sabe até fantástica, ou não. Mas que afinal não a podem viver, foi-lhes retirada essa oportunidade. Não me é possível entender.

Haverá uma razão para que este tipo de situação aconteça?

Não consigo perspetivar qual será o motivo por que as pessoas nascem para morrer tão cedo, sem a oportunidade de fazer um caminho, construir uma história, afinal viver uma vida, foi para isso que supostamente vieram ao mundo.

Tiveram estes meninos com certeza a oportunidade de fazer história na sua curta vida e no coração daqueles que de perto com eles conviveram, aqueles que os amaram pelas pessoas que eram, os jovens promissores que com certeza se perspetivava viessem a ser. Família e amigos estão agora de luto pela perda.

Contudo, não mandamos nada nesta vida, nem na nossa nem na dos nossos filhos, ainda assim nos consideramos superes. Nada podemos fazer nestes momentos, aliás, podemos aceitar, é a única coisa que se pode pedir a um pai ou uma mãe que perde o seu/sua filho/a em tão tenra idade. Afinal o poder que julgamos ter sobre as nossas vidas traduz-se nestas alturas em resignação, em impotência e em completa incapacidade de fazer o que quer que seja.

Uma palavra de conforto para quem algum dia já passou por este tormento, eu diria quase que deve ser uma morte em vida, nada voltará jamais a ser o que era antes de um acontecimento desta natureza.

Como ouvi alguém um dia dizer, é melhor aceitar porque assim custa menos, afinal a despedida é um momento de tristeza, em que corações se preparam para viver uma saudade imensa e sem tempo.

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